Uma 'Ofensa' incompreendida
Regressei aos livros sobre a Segunda Guerra Mundial.
‘A Ofensa’, escrita por Ricardo Menéndez Salmón, conta a história do jovem alfaite alemão Kurt Crüwell que, em 1939, é chamado a integrar o exército nazi.
A separação da família e da namorada judia, Rachel, é o primeiro momento de marcado sofrimento para Kurt que, como tantos milhares de jovens, se vê obrigado a integrar as fileiras de uma guerra que veio a acabar com a vida de milhões de pessoas.
Kurt acaba por ser motorista de um militar graduado, Hauptmann Löwitsch, o que poderia ser algo positivo, pois era uma função que o afastava do conflito direto. No entanto, revelou-se o maior pesadelo de Kurt que assistiu ao homicídio de dezenas de pessoas que morreram queimadas dentro de uma igreja, em França, por ordem de Löwitsch.
O choque de assistir a tal crueldade atirou Kurt para um estado difícil de explicar. O jovem alemão perdeu a capacidade de sentir. Não sentia medo, não sentia frio, não sentia felicidade, não sentia tristeza. Kurt entrou num estado de coma espiritual, se assim se pode dizer, e foi enviado para um hospital francês. Um médico, Jean-Jacques Lasalle, apieda-se do seu estado que lhe gera comoção e, ao mesmo tempo, curiosidade, pois é neurologista e jamais havia tido um paciente com o problema de Kurt.
Ao longo de um ano, o jovem alemão não faz qualquer progresso, mesmo com a ajuda de uma enfermeira que se apaixona por ele e que com ele foge quando a Resistência ataca o hospital. Lasalle salva Kurt que foge com a sua identidade para Londres, na companhia da enfermeira Ermelinde.
Até aqui posso dizer que gostei e li com bastante sede todas as páginas que ia folheando. Mas é então que começam os problemas para mim e que culminam com o fim do livro que eu ainda estou a digerir e para o qual me faltam as palavras.
O tempo passou, a guerra acabou, Kurt (agora conhecido como Lasalle) sabe que vai ser pai, mas segue umas pessoas, entra numa mansão e descobre o esconderijo dos nazis que não padeceram na guerra, entre eles Löwitsch, o homem que o atirou para aquele lugar onde não existem sentimentos, nem bons, nem maus.
Cai-lhe uma lágrima – parece que o choque de ver Löwitsch o tornou novamente capaz de sentir – e cai no chão.
“O alfaiate está morto”, diz Löwitsch e termina o livro.
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☝️ Pontos Positivos: A viagem pelos sentimentos de um jovem obrigado a disputar uma guerra que não lhe diz nada, mas à qual não lhe é possível fugir.
👇 Pontos Negativos: Não me faz muito sentido a forma como Kurt abandona a mulher grávida para seguir umas pessoas estranhas
⭐ Avaliação: 3 estrelas