Sabia que Camilo Castelo Branco se suicidou porque estava a perder a visão?
Camilo Castelo Branco é um dos grandes nomes da literatura portuguesa, tendo-nos deixado inúmeras obras escritas ao longo de cerca de 40 anos de atividade literária.
Camilo nasceu em 1825 em Lisboa. Foi criado por uma tia, em Vila Real, depois de os pais terem morrido. Estudou na Escola Médica do Porto e, posteriormente, dedicou-se ao Direito.
A sua vida foi sempre bastante tumultuosa, típica de um espírito irrequieto e inconstante. Tinha apenas 16 anos quando se casou, mas não foi o matrimónio que lhe aquietou o espírito e esteve sempre envolvido em escândalos românticos que atentavam contra os bons costumes e a moral da época (século XIX).
E foi o seu temperamento romântico que o levou, precisamente, à prisão. Camilo apaixonou-se por Ana Plácido, uma senhora casada com um rico negociante do Porto. O casal decidiu fugir para viver o seu amor, mas acabaram por ser detidos e passaram um ano encarcerados – foram libertados após a sua absolvição em julgamento (pelo juiz que era pai de Eça de Queiróz). Findo o tempo de cárcere, Camilo e Ana passaram a viver juntos e tiveram três filhos (embora se diga que o primeiro era na verdade filho do marido de Ana).
Na vida de Camilo contam-se, além dos dramas amorosos, a morte do seu filho mais velho, as dívidas que o jogo lhe imputou e a sífilis, doença que o acompanhou por longos anos e que lhe causou uma forma de cegueira progressiva que não tinha cura.
Perante este cenário, o autor suicidou-se a 1 de junho de 1890 com um tiro de revólver na cabeça na casa onde vivia com Ana Plácido em S. Miguel de Seide, Famalicão.
Ao contrário do que acontecia com os autores naquela época, Camilo viu o seu trabalho ser reconhecido ainda em vida pelos seus pares, tendo sido homenageado pela Academia de Ciências de Lisboa. Também o rei Luís I lhe reconheceu a importância da sua obra literária, tendo-lhe atribuído o título de Visconde de Correia Botelho.
Relativamente às suas obras, ‘Amor de Perdição’ é a mais conhecida e é a mais pessoal, uma vez que retrata a história de amor que Camilo e Ana Plácido viveram, mas muitos outros títulos perpetuam, especialmente ‘A Vingança’, ‘A Morta’, ‘Amor de Salvação’, ‘A Queda de Um Anjo’, entre tantos outros, inclusivamente o seu livro de memórias a que deu o nome ‘Memórias do Cárcere’.