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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

A história secreta da rede de cunhas e favores do Estado Novo

Book Stories, 30.05.23

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Pedidos de cargos, favorecimentos ou até ajuda para resolver questões com amantes: foram milhares as cartas que António de Oliveira Salazar recebeu durante os anos em que governou o país e que revelam uma rede de influências até agora desconhecida. 

'Salazar Confidencial' é o primeiro grande trabalho de análise e estudo de um arquivo onde constam mais de seis mil nomes e setenta mil folhas de carta, cartões, relatórios, fotografias e outros documentos analisados por Marco Alves e transformados em livro pela Ideias de Ler.

Entre ministros, deputados, amigos, familiares, juízes, padres, militares e muitos mais, encontram-se mensagens de diversas figuras que a história esqueceu, mas também de outras que celebrizou, como Humberto Delgado, ou que continuaram a ser figuras destacadas após a queda do regime.

Estes documentos expõem a proximidade e intimidade de um regime sustentado em cunhas e favores e mostram que Salazar, para além de ter usado os privilégios do cargo em benefício próprio, acedeu a um grande número dos pedidos que recebeu, deitando por terra a reputação de político ético e rigoroso que construiu e que foi mantida até à atualidade.

Enquanto a mão visível da máquina do Estado exercia a opressão sobre a população e ferramentas como a censura ou a polícia política serviam o propósito de manter o regime, esta mão invisível usava a mesma máquina para, contornando as regras impostas pela própria, resolver os problemas do Presidente do Conselho de Ministros e dos que lhe estavam próximos.

Este livro é, assim, um mergulho na vida privada do regime que, quase 50 anos após o seu fim, continuava por se descobrir.

 

'A Diplomacia de Salazar' conta detalhes da visita dos duques de Windsor a Portugal

Book Stories, 27.03.23

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'A Diplomacia de Salazar (1932-1949)', do embaixador Bernardo Futscher Pereira, foi editado este mês pela Dom Quixote, com um novo capítulo, que enriquece a trilogia sobre a diplomacia do Estado Novo escrita ao longo de uma década pelo atual embaixador português em Roma.

Na terceira edição, agora atualizada, com um novo preâmbulo, encontram-se novos dados sobre a visita dos Duques de Windsor a Lisboa, em Julho de 1940, episódio que revela a “prudente distância” que Salazar guardou numa altura crucial da II Guerra Mundial da Alemanha nazi, tornando a capital um porto seguro para os ingleses, ao contrário de Madrid vista como uma cidade hostil.

Mas também o envolvimento do banqueiro Ricardo Espírito Santo, em cuja casa ficou hospedado o ex-monarca, e a rocambolesca história do ministro dos negócios estrangeiros alemão, Joachim von Ribbentrop, para raptar  Edward e Wallis Simpson.

Mais do que uma interpretação das grandes linhas da política externa portuguesa nesses anos, este livro pretende ser uma crónica das múltiplas crises e desafios com que Portugal se viu confrontado e das respostas que o regime lhes deu, essencialmente no plano diplomático. 

Aqui analisa-se o período entre a ascensão de Salazar à chefia do Governo, em julho de 1932, e a adesão de Portugal à Aliança Atlântica, em 1949. A resposta à Guerra Civil de Espanha e à II Guerra Mundial pelo Estado português são os dois temas principais abordados.

Bernardo Futscher Pereira (1959) é mestre em Ciências Políticas e em Relações Internacionais pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

Trabalhou como jornalista antes de ingressar no Ministério dos Negócios Estrangeiros em 1987. Serviu em Bruxelas como chefe de gabinete do secretário-geral da UEO, embaixador José Cutileiro. Foi conselheiro diplomático do ministro da Defesa Nacional, José Veiga Simão, e assessor para as relações internacionais do Presidente da República Jorge Sampaio entre 1999 e 2006.

Foi cônsul-geral em Barcelona, embaixador em Dublin entre 2012 e 2017, e em Rabat entre 2020 e 2022. Foi conselheiro diplomático e 'sherpa' do primeiro-ministro António Costa entre 2017 e 2019.

Tem publicado numerosos artigos sobre a política externa portuguesa, história diplomática e política internacional. É autor de 'Crepúsculo do Colonialismo' (1949-1961) e 'Orgulhosamente Sós' (1962-1974). É embaixador em Roma desde janeiro de 2023.