Identidade e aculturação na reedição do 'Cais das Merendas' de Lídia Jorge
A acção desenrola-se à beira-mar, numa praia do Sul de Portugal, girando as figuras em torno de um pólo central: o Hotel Alguergue.
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Porque todos os livros contam uma história
Porque todos os livros contam uma história
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Depois de títulos como 'Violeta' ou 'Mulheres da minha alma', a autora bestseller do New York Times, Isabel Allende, continua a dar mostras da sua capacidade de se reinventar a cada livro, oferecendo aos leitores uma história profunda e de uma sensibilidade extrema, que desta vez se situa na contemporaneidade, desde a infame Noite de Cristal na Alemanha nazi até aos dias de hoje nos EUA, por altura da controversa política de imigração implementada por Donald Trump.
Em ambos os casos, as consequências para o comum dos mortais foram devastadoras, com milhares de famílias separadas e destruídas.
De forma magistral, Isabel Allende entrelaça as histórias de duas crianças vítimas das consequências da guerra e da migração forçada. Separadas por oito décadas, estas linhas narrativas acabam por se encontrar, constatando que todas as vidas estão interligadas.
'O vento conhece o meu nome' é um romance que, seguindo a tradição da autora, permanecerá com os leitores muito depois da última página, levando-os a acreditar que, mesmo perante as maiores adversidades, têm em si as maiores armas para mudar o mundo e o próprio destino – a bondade e a capacidade de sonhar
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Assírio & Alvim publica 'Um Amor de Swann', romance de Marcel Proust extraído da obra monumental 'Em Busca do Tempo Perdido'.
"Todos os grandes temas da Recherche encontram em 'Um Amor de Swann' um lugar de convergência paradigmático, que nos permite olhar para esta parte como algo que conserva e expõe, in nuce, aquilo que a longa narrativa proustiana desenvolve nos volumes posteriores (mas também na parte precedente)", sublinha Helena Carvalhão Buescu no prefácio desta obra de Marcel Proust.
Segunda parte das três que compõem o primeiro volume de 'Em Busca do Tempo Perdido': do lado de Swann, este romance prova que no meio da obra imensa do escritor francês está a virtude.
'Alfobre de representações e reflexões artísticas', é um paradoxo que o autor tenha concebido estas páginas de tão grande perspicácia social em reclusão total.
Longe da vista, mas não do espírito crítico
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'Últimos dias em Berlim' é o mais recente livro de Paloma Sánchez-Garnica. Finalista do Prémio Planeta 2021, esta obra já chegou a cerca de duzentos mil leitores e é agora publicada pela Porto Editora.
Com mestria, a autora conduz os leitores numa viagem pela Europa dilacerada pela guerra, desde a ascensão da revolução bolchevique até à queda do regime de Hitler. A narrativa alterna entre a Rússia comunista, a Alemanha nazi e uma Espanha marcada pela ditadura franquista, evidenciando um paralelismo entre uma ditadura de extrema-esquerda e uma outra, fascista – ambas com consequências nefastas na vida de Yuri Santacruz e daqueles que ama.
Confrontando o protagonista com a necessidade de lutar pela sobrevivência e com a importância de viver de forma determinada e justa, sem arrependentimentos, esta viagem pela História da Europa é uma lição de liberdade e evidencia que o amor e a esperança são mais poderosos que o ódio e a fúria.
Aproximando a obra da atualidade, a autora destaca uma imagem do conflito em solo ucraniano: “Vemos as imagens das estações de comboio na Ucrânia sempre preenchidas por despedidas – as mulheres e as crianças saem do país e os homens ficam.”
E remata dizendo que “Não queria contar os grandes acontecimentos históricos, mas contar o que pessoas comuns viveram. Queria contar a história do ser humano, não da guerra.
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Aos 86 anos, Maryse Condé é uma das vozes mais importantes da literatura de raízes africanas, tendo sido distinguida com o New Academy Prize in Literature («Nobel alternativo») em 2018 e escolhida para finalista do International Booker Prize em 2023.
O romance 'À Espera da Subida das Águas' chega às livrarias nacionais, com tradução de Sandra Silva, a 11 de maio.
Babakar Traoré é médico e vive em Guadalupe numa grande solidão. A meio de uma noite de temporal, é chamado para assistir um parto. A parturiente, Reinette, uma refugiada haitiana, morre ao dar à luz. E, não havendo mais ninguém que possa tomar a recém-nascida a seu cargo, Babakar Traoré decide ser ele a fazê-lo.
Acariciou com ternura a mãozinha minúscula e a criança abriu os olhos. Foi nesse preciso instante que tudo se decidiu. Quando ela o fitou, uma emoção inexplicável tomou conta dele e a ideia foi-se insinuando na sua mente. Não havia sido por acaso que fora chamado à cabeceira de Reinette
Era vontade de Reinette que a filha conhecesse o Haiti, e Babakar cumpre esse desejo. Assim, em 'À Espera da Subida das Águas', através da dupla improvável Babakar e Anaïs, dos amigos Movar e Fouad, que os acompanham, e dos que foram encontrando naquela ilha martirizada por violência, governos corruptos e gangues rebeldes, mas tão bela e fascinante, irá reconstruir-se um mapa das migrações, bem como as raízes do amor, da amizade, da comunhão com os outros – e o lugar de cada um no Mundo.
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A autora bestseller Colleen Hoover está de regresso com um novo sucesso. 'Talvez um dia' já se encontra em pré-venda e chegará às livrarias no dia 29 de maio.
Em 'Talvez um dia', a autora dá-nos a conhecer Sydney, uma jovem de 22 anos que parece ter tudo para uma vida feliz.
Conjuga os estudos na faculdade com um emprego estável, tem uma relação invejável com Hunter e partilha casa com Tori, a sua mulher amiga. Mas tudo isto acaba por se desmoronar num abrir e fechar de olhos, deixando-a sem rumo e completamente destroçada emocionalmente.
A braços com um desgosto amoroso e uma enorme desilusão, é na amizade e companheirismo de Ridge, o seu misterioso vizinho, que Sydney irá encontrar algum consolo e tentar reencontrar-se a si própria através da música, a grande paixão que os une.
No entanto, embora seja evidente o bem que ele lhe faz, há coisas na vida de Ridge que Sydney não pode ignorar, sob pena de se transformar naquilo que mais despreza...
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Patrícia Muller surpreendeu-me bastante com o seu livro ‘Madre Paula’. Não que houvesse uma razão concreta para eu não estar à espera que o livro fosse bom, mas por que não achei que a história tivesse condimentos suficientes para me prender a leitura.
Aliás, este foi um dos livros que se andou a arrastar na minha estante durante largos meses. Erro crasso!
Devorei o livro em duas tardes. A história interessava-me, aliás já tinha visto a série na RTP há uns anos, e, apesar de não me lembrar muito bem, sabia que tinha gostado da história.
A obra começa com a ida de Paula para o Mosteiro de Odivelas. Primeiro ponto interessante: nos séculos passados era comum as famílias mais pobres enviarem as filhas para mosteiros por não terem condições para as sustentar.
E é neste contexto que Paula é enviada para o mosteiro de Odivelas onde, inclusivamente, já lá vivia uma das suas irmãs, a Luz.
Os primeiros capítulos mostram-nos a hipocrisia que se vivia – e em alguns aspetos ainda se vive atualmente. Os nobres e até o próprio rei faziam de freiras as suas concubinas e como se tal não fosse já pecado bastante, ainda o faziam dentro do Mosteiro, na casa do Senhor.
A minha casa é um palácio dentro da quinta, incomparável a qualquer outro. O primeiro quarto é forrado a seda vermelha com fitas em ouro, espelhos nas paredes com relevos e fugiras douradas. Estes aposentos foram construídos dentro do mosteiro
Além de transformar o mosteiro num autêntico bordel, o Rei D. João V – responsável, entre muitas outras coisas, pela construção do magnífico Mosteiro de Mafra – mandou também construir aposentos reais dentro da casa do Senhor para que a Madre Paula, a sua amante por mais de uma década, vivesse rodeada de luxo.
A autora descreve-nos ao detalhe os aposentos, os detalhes dos vestidos de Paula e até da lingerie, o que mostra como Patrícia Muller teve o cuidado de investigar as indumentárias que se usavam no século XVIII. A sua escrita é impecável e os capítulos pequenos a terminarem quase sempre em momentos-chave torna a leitura fluída, aguçando-nos a curiosidade a cada capítulo.
A Madre Paula foi uma mulher do seu tempo que aprendeu com os seus erros e lidou com as consequências.
Há vários detalhes nesta história que, infelizmente, percebemos que ainda têm lugar nos dias de hoje. Neste caso concreto falo da freira Madalena Máxima de Miranda – que foi a amante do rei antes de Paula – ter humilhado a então noviça Paula. Por um lado, por ser pobre, e, por outro, por ver nela uma ameaça pela preferência do rei.
Não sabia que as mulheres podiam ser tão pérfidas umas com as outras, ao ponto de se humilharem mutuamente e pelos motivos mais disparatados. As mulheres não se amam entre si. E isso torna-as mais vulneráveis
Mas Paula não se ficou e vingou-se em dois atos. Primeiro, matando-lhe o gato a sangue-frio. Depois, e já sendo a preferida do rei, exigindo ao monarca que separasse Madalena do filho bastardo real que havia dado à luz.
Ao longo dos mais de dez anos em que foi amante do rei, Paula passou por momentos de luxo e luxúria; foi adorada e odiada; foi doce e amarga; foi fiel ao rei de quem, naturalmente, não tinha fidelidade.
E tudo mudou quando Paula engravidou e deu à luz um filho homem. Foi nesse momento que sentiu estar a pagar pelos seus erros cometidos com Madalena, pois a rainha retirou-lhe o filho e, para se retratar deste e outros pecados – como chicotear as suas escravas –, Paula afastou-se do rei e criou, juntamente com o seu filho, o filho de D. João V e Madalena Máxima.
O que mais gostei no livro foi a capacidade de a autora ter documentado o crescimento pessoal e sentimental de Paula, uma mulher que foi obrigada a ser freira, que foi má e vingativa, mas que nutriu um grande amor por D. João V, um amor que colocou a sua vida em risco, um amor que durou para lá da morte do rei.
Paula viveu no mosteiro até morrer e teve o rei no seu coração até ao momento em que Deus a levou para junto de si, deixando para trás muitos arrependimentos, mas também a certeza de que amou e foi amada pelo então homem mais importante do mundo.
Quanto ao rei não nos são dadas muitas pistas sobre quem foi afinal D. João V. Através dos olhos de Paula vemos um homem apaixonado, capaz de fazer tudo para conseguir o que quer, capaz de humilhar publicamente a sua rainha – toda a corte sabia da sua relação amorosa com Paula e dos luxos que lhe atribuía – mas também um homem que “acreditava na sua demanda pessoal” e que acreditava que “tinha uma missão, com os seus perigos e encantos”.
Eis uma personagem que quero conhecer melhor. Se conhecerem livros que retratem o rei D. João V, por favor, digam-me nos comentários.
✅ Os diálogos são tão reais que parece que os estamos a ouvir ao vivo
❌ Nada a apontar
⭐ 4,5
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'A Morte Dela Fica-me Tão Bem' marca o regresso de Miguel Viana Baptista à escrita, desta vez com a chancela Quetzal Editores e um romance elegante sobre amor, adultério, crime, classe média – e a tragicomédia do ciúme.
Disponível nas livrarias desde 20 de abril, terá sessão de lançamento a 11 de maio, às 18h30, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, com apresentação de António José Teixeira.
Num fim de tarde de maio, Simão Sousa Santos, advogado conhecido pela sua experiência em casos de divórcio, recebe uma nova cliente, a dermatologista Carla Trancoso.
Simão é um homem de 50 anos, casado pela segunda vez, que pertence a uma sólida burguesia lisboeta. Tem uma paixão quase obsessiva pela escrita: da grande literatura, que consome vorazmente, à que ele próprio pratica, num registo íntimo, introspetivo e memorialista.
Contudo, o seu diário e a aparente estabilidade que se espera de alguém como o advogado Sousa Santos vão ser dramaticamente postos em causa pela aparição desta bela mulher perfumada de flor de laranjeira – Carla, uma ameaça raríssima.
O que começa por ser um lamento e um exercício literário transforma-se num policial, quando o seu autor se enreda num crime. Ou será ao contrário? São certamente um e outro.
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A nova voz literária da China acaba de fazer 30 anos, escreve-se em inglês e no feminino, e retrata uma nova realidade, moderna e metropolitana, que rompe estereótipos e preconceitos com a tradição cultural.
'Porco Assado', o livro de estreia de An Yu, é um romance mágico, musical e intenso que já está nas livrarias nacionais com tradução de Maria Dulce Guimarães da Costa.
Numa manhã de outono em Pequim, Jia Jia toma o pequeno-almoço com o marido, que prepara as malas para uma viagem.
Porém, minutos depois encontra-o morto na banheira; ao lado, um desenho a lápis de uma estranha figura aquosa, uma imagem tão perturbadora que a obriga a procurar uma explicação para ambas as coisas: a morte do marido e a natureza daquele desenho.
Então, livre do casamento, Jia Jia inicia uma jornada que a leva às alturas do Tibete e a lugares fantásticos e imaginários.
Mostrando a complexidade da vida de Pequim e evocando a atmosfera cinematográfica da China urbana de classe média, 'Porco Assado' explora a estranheza íntima da dor, os mistérios dos mundos invisíveis e a autodescoberta cheia de energia de uma mulher jovem e independente em busca de respostas e de novidade.
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'Morte e Croissants' combina suspense, mistério e humor num romance simultaneamente envolvente e intrigante.
Escrito por Ian Moore, o livro conta a história de Richard, um inglês que gere uma pensão no Loire, um local onde nunca nada acontece, até ao dia em que um hóspede habitual desaparece e – pior! – o seu alojamento é palco do homicídio da sua galinha preferida.
Ian Moore criou um enredo inteligente, capaz de manter os leitores presos até ao fim, com personagens excêntricos, peculiares e espirituosos, que vão arrancar gargalhadas aos leitores, enquanto acompanham Richard na investigação sobre a morte de Ava Gardner.
Com uma escrita fluida e um enredo repleto de reviravoltas e detalhes inusitados, como a presença da máfia italiana no Vale de Follet ou um chihuahua chamado Passepartout, 'Morte e Croissants' é a leitura ideal para quem procura um mistério bem-humorado e aconchegante.
Este é o primeiro romance do autor e o primeiro da série 'Um mistério Vale de Follet'.
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