'Eu, Maria Pia': A história de uma rainha contada por uma duquesa!
‘Eu, Maria Pia’ é uma espécie de diário daquela que, nascida em Itália, foi rainha de Portugal entre 1862 até 1889.
A autora, Diana Cadaval, traz-nos a história da Princesa Maria Pia de Saboia primeira pessoa. Uma história que começa ainda na infância da princesa, quando perde a sua mãe – um episódio que a marcará ao longo da sua vida – e acaba na sua morte.
Com apenas 14 anos casou-se com o rei D. Luís e ficou maravilhada quando chegou a Lisboa e viu a euforia com que os portugueses a receberam.
Também D. Maria se sentia eufórica, não só pela forma como havia sido recebida, mas especialmente porque estava apaixonada pelo marido e o marido por ela. Os primeiros tempos de casamento foram um sonho para a jovem rainha.
Porém, e como muitas vezes aconteceu ao longo da história da monarquia, o rei acabou por se desinteressar pela sua esposa, direcionando a sua atenção para outras mulheres da corte.
Este facto partiu o coração à rainha que via o seu sonho de casamento feliz chegar ao fim.
Criada num ambiente cultural e eclético, D. Maria Pia tentou implementar estas características em Portugal. O Palácio da Ajuda é o melhor exemplo dessa tarefa que assumiu em mãos.
A monarca, desiludida com a vida de casada, aplicou toda a sua mágoa na renovação do Palácio da Ajuda, levando conforto para a família real ao mesmo tempo que o transformava num lugar luxuoso pronto a receber os mais ilustres convidados, fossem nacionais ou internacionais.
Porém – e porque nem tudo são rosas – D. Maria Pia começou a gastar verdadeiras fortunas na decoração do Palácio, mas também com as suas indumentárias que mandava vir de Paris.
Ao mesmo tempo, começava a sentir-se uma forte agitação social, pois o povo passava fome.
Maria Pia, tal como nos mostra o livro, era uma mulher dividida. Se por um lado tinha gostos requintados que custavam balúrdios aos cofres do reino, por outro lado era uma mulher solidária que, várias vezes, distribuiu dinheiro pelos pobres.
Ao ler o livro de Diana Cadaval, a sensação que me dá é que a rainha encontrava nos pobres o perdão para os seus excessos. A monarca, se por um lado sabia a quantidade de dinheiro que gastava, por outro justificava-a com a necessidade de a Casa Real manter o seu bom-nome e imagem junto das monarquias europeias.
A imagem que fica desta rainha – pelos olhos da autora – é que D. Maria era uma mulher desiludida com a vida, por esta não ter corrido como sempre havia sonhado e, por isso, encontrou na decoração, nas joias e nas roupas o seu refúgio que funcionava até como vingança.
Ao gastar o dinheiro do reino, D. Maria Pia vingava-se das traições do marido e da humilhação que estas lhe provocavam e quando sentia o peso do seu comportamento dedicava-se, então, a fazer caridade.
Quer-me parecer que a rainha sofria de dupla personalidade!
Mas havia ainda outra faceta da princesa italiana: era uma mãe muito cuidadosa. Em certo momento da infância dos filhos, D. Maria salvou-os de morrerem afogados, arriscando, para isso, a sua própria vida.
A rainha foi obrigada a sair do país em 1910 devido à implementação da República, isto depois de ver o seu filho e neto, D. Carlos e D. Luís, respetivamente, serem assassinados por republicanos, tendo acabado por morrer aos 64 anos num elevado estado de demência.
Este livro mostra-nos como a rainha terá vivenciado os diversos episódios que a marcaram como jovem, como rainha, como mulher e como mãe.
✅ Uma viagem rápida pela vida de uma rainha que conquistou e perdeu os seus súbditos e a quem a vida tirou tudo; escrita simples e leve
❌ Alguma presunção da autora em colocar-se na pele da rainha. Teria gostado mais do livro se fosse escrito na terceira pessoa
⭐ 3