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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

'Eu, Marat, Ex-Comandante do Grupo Wagner' é o testemunho na primeira pessoa sobre o exército secreto de Putin

Book Stories, 11.06.23

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A Casa das Letras editou 'Eu, Marat, Ex-Comandante do Grupo Wagner', de Marat Gabidullin, que conta como é estar no coração do exército secreto de Vladimir Putin. 

Marat Gabidullin (1966) entrou para o Grupo Wagner em 2015, e rapidamente atingiu a patente de comandante. Lutou em vários cenários de guerra, nomeadamente na Síria, contra o Ísis, e no Donbass.

A publicação do primeiro testemunho não anónimo do interior do Grupo Wagner esteve quase para não ser publicado. Um dia depois de ter mencionado o livro numa entrevista, o antigo comandante da milícia, recebeu ameaças suficientes para o forçar a cancelar o projeto, que chega às livrarias editado em francês por uma editora daquele país.

“Uma obra importante para compreender alguns dos aspectos mais obscuros da política de Vladimir Putin”, escreve o jornalista e comentador José Milhazes, no prefácio, sobre um livro que “segue uma tradição da literatura de denúncia, muito comum entre os dissidentes soviéticos que conseguiam escapar para o estrangeiro, mas com uma particularidade importante: trata-se da primeira obra escrita por um mercenário russo na actualidade, combatente de uma empresa militar privada que oficialmente não existe, mas que actua em várias regiões do planeta.”

Gabidullin não é um informador, nem um traidor, é um soldado. Orgulhoso de ter feito parte da força aérea regular do exército do seu país. Orgulhoso de ter combatido o Daesh na Síria como mercenário do Grupo Wagner.

No entanto, sente-se desconfortável por admitir que serviu um exército sombra ilegal, agora no centro das atenções, acusado de cometer os piores abusos, violações, torturas e assassínios contra populações civis nos países onde tomou o campo. Da Síria para a República Centro-Africana. Da Líbia para a Ucrânia.

'Eu, Marat' nasce das contradições que assombram o seu autor. É uma história de uma rutura e de uma redenção. A aventura de um soldado da fortuna ao serviço de um exército que oficialmente não existe. Foi por existir que Marat o decidiu escrever.

“A principal razão do meu esgotamento moral foi a consciência de que eu e os meus camaradas lutávamos neste país por um governo corrupto e odiado pelos seus próprios cidadãos, por um povo que tinha perdido o seu direito à soberania, e que estávamos a ajudar um exército que era totalmente inapto. Eu precisava de saber de que lado estava a lutar e que valores estava a defender.”

Marat Gabidullin, nascido em 1966, é um ex-soldado do exército russo. Entrou para o Grupo Wagner em 2015, como soldado privado, e rapidamente atingiu a patente de comandante. Foi enviado para a linha da frente em Donbass em 2015, depois contra o Estado islâmico na Síria em 2016-2017, sem que a existência do exército Wagner fosse alguma vez oficialmente reconhecida. Apresenta um relato cru e intransigente que nada esconde dos horrores da guerra e das manipulações de Vladimir Putin.

Andrei Kurkov satiriza a Ucrânia do período pós-soviético

Book Stories, 24.05.23

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Depois da publicação de 'Abelhas cinzentas', em setembro do ano passado, a Porto Editora faz regressar às livrarias portuguesas, em edição revista, 'A morte e o pinguim', de Andrei Kurkov. 

Se 'Abelhas cinzentas' traça o retrato de um país em guerra com o vizinho russo, após a ocupação da Crimeia, 'A morte e o pinguim' mostra uma sociedade em convulsão, nos anos após a independência, onde a realidade ultrapassa a mais inventiva das ficções.

Este romance é considerado a obra-prima de um dos mais destacados romancistas ucranianos da atualidade, tendo sido publicado em mais de 40 países. 

Viktor Zolotaryov é um escritor sem emprego e sem forma de fazer frente às despesas do dia a dia, até ao momento em que é contratado para escrever obituários num jornal.

Esta inesperada fonte de rendimento traz um novo alento à sua vida e à de Misha, o pinguim que resgatou do Zoo de Kiev. Porém, a euforia desvanece quando percebe que os seus textos são na verdade uma lista de alvos a abater.

Viktor e Misha veem-se no centro de uma perigosa e surreal sucessão de acontecimentos, envolvendo uma rede mafiosa que está a tomar o poder de assalto.

Numa alegoria impactante, Kurkov faz de Misha uma espécie de espelho melancólico de Viktor: assim como o pinguim foi arrancado da Antártida e depois do Zoológico, o escritor está a tentar sobreviver numa cidade se tornou hostil para os seus habitantes.

É com um domínio exímio do limbo entre realidade e ficção que o autor reflete, no seu habitual registo sarcástico e cáustico, sobre o estado do seu país num importante momento histórico que, em sua opinião, acabará por estar na origem de tudo o que viria a acontecer a seguir: em pouco mais de trinta anos, a Ucrânia assistiu ao crescimento da influência da máfia, passou por eleições fraudulentas, teve um candidato presidencial envenenado, operou várias revoluções, vive uma guerra dentro de fronteiras desde 2014 e combate a invasão russa ao seu território há mais de um ano.

 

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De que palavras é feito o tormento?

Book Stories, 05.05.23

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A Livros do Brasil publica 'Guerra', de Louis-Ferdinand Céline. Inédito durante quase noventa anos, a revelação desta experiência central na vida do autor é um acontecimento literário mundial.

Primeiro dos manuscritos desaparecidos de Louis-Ferdinand Céline finalmente trazidos a público, 'Guerra' revela um romance cuja ação se passa na Flandres da Grande Guerra.

Caído no campo de batalha, com a orelha ensanguentada colada à terra e um braço desfeito, o cabo Ferdinand desperta atordoado, debaixo de chuva, ao lado de um companheiro morto, sentindo ecoar dentro de si um barulho ensurdecedor.

«Apanhei com a guerra na cabeça. Ficou-me trancada na cabeça.» Assim se inicia 'Guerra', romance que, num maço de duzentas e cinquenta páginas, estava entre os manuscritos de Céline desaparecidos durante a libertação de Paris, em 1944, e que agora, sessenta anos após a morte do seu autor, é finalmente trazido a público.

Escrito por volta de 1934, este texto levanta o véu sobre a experiência central da existência de Céline: a sua participação na Primeira Guerra Mundial e o trauma físico e moral daí resultante. Com uma narrativa de grande fluidez, onde a crueza e a originalidade da linguagem sublinham o tormento e a desilusão do protagonista, 'Guerra' inscreve-se entre as obras mais inquietantes de Louis-Ferdinand Céline.

Este texto fulgurante, que combina acontecimentos autobiográficos e ficção, é uma peça-chave da obra do escritor, abrindo uma nova janela sobre aquele que foi um dos momentos mais marcantes da vida de Céline. A presente edição inclui prefácio, nota de edição e reprodução de páginas manuscritas.

Narrando a experiência de batalha e convalescença hospitalar do jovem Ferdinand, que mais tarde se tornará médico, este romance tem uma estreita relação com 'Morte a Crédito', obra que evoca um período distinto do percurso daquela personagem e que está também disponível, desde fevereiro, na coleção Dois Mundos.

 

WOOK - www.wook.pt

 

'Ucrânia Insubmissa' reúne histórias e fotos da guerra

Book Stories, 17.04.23

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A refugiada ucraniana Daria Dimitriuk e a professora universitária Sandra Fernandes apresentam ‘Ucrânia Insubmissa’, dos jornalistas da RTP, Cândida Pinto e David Araújo, que reúne, em livro, as muitas histórias e fotos que juntaram nas reportagens que fizeram no país.

No dia 20 de abril, às 21h00, inaugura também na estação de Metro São Bento, no Porto, a exposição ‘24.02.2022, o Dia Mais Longo que Nunca Mais Acabou’, que mostra os rostos e as cidades ucranianas, fotografadas por David Araújo, ao longo de vários meses de trabalho na Ucrânia.

Episódios passados na ponte de Irpin, em Kharkiv, no Donbass ou em Kiev. Relatos que acompanham a vida de Ilya que foi soldado, os noivos Anastasia e Vaicheslav que casaram numa paragem da guerra, de Vova, de 12 anos, que sobreviveu para contar uma história em voz ténue, sem verter uma única lágrima.  

“Imprevisível. Foi esta a palavra tantas vezes ouvida no início da invasão russa da Ucrânia e pelo tempo fora. A princípio duvidava. Será que iriamos mesmo entrar numa guerra? Parecia-me impossível que, em 2022, não existissem vias de entendimento suficientes para evitar um conflito de grandes proporções no continente europeu. Estava enganada. A 24 de fevereiro de 2022 eu e o repórter de imagem David Araújo encontrávamo-nos na cidade de Kiev, alvo prioritário da invasão russa de larga escala. A nossa missão era clara: dar testemunho, apesar de todas as limitações, do que estava a acontecer. Passámos por dias de grande incerteza, silêncio, amargura, medo, exaustão. Às vezes pequenas surpresas, breves alegrias. E depois aquela súbita vertigem de um míssil a mudar o correr das vidas. E os exemplos de resistência e resiliência de um país a ser interrompido e invadido – porém, insubmisso”, escreve Cândida Pinto, na introdução.

 

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Conheça a história de seis mulheres que se arriscaram para estar na linha da frente da II Guerra Mundial

Book Stories, 22.02.23

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A Casa das Letras editou ontem, 21 de fevereiro, 'As Enviadas Especiais', biografia de seis mulheres extraordinárias que estiveram na linha da frente na II Guerra Mundial.

Entre 1939-1945, os jornalistas cobriam os acontecimentos no teatro das operações e as poucas mulheres que por lá andavam travavam também a sua própria batalha.

Lutavam pelo direito a trabalhar em igualdade de condições com os homens e serviam-se de doses invulgares de bravura, determinação e criatividade para vencer restrições e combater preconceitos.

'As Enviadas Especiais' conta as histórias heróicas e recheadas de peripécias de seis dessas extraordinárias pioneiras:

  • Martha Gellhorn conseguiu a ‘cacha’ do Dia D – foi a única mulher a desembarcar em Omaha Beach disfarçada de enfermeira - para grande irritação do marido, o escritor Ernest Hemingway, depois de viajar clandestina num navio da Cruz Vermelha. Tal como quando foi dos primeiros jornalistas a entrar num campo de extermínio nazi.
  • Lee Miller foi uma deslumbrante modelo da Vogue que se tornou correspondente de guerra e fez questão de conhecer o apartamento de Hitler em Munique após a derrota germânica.
  • Sigrid Schultz escondeu a ascendência judia, arriscando a própria vida, para denunciar as atrocidades nazis, fazendo reportagens na Alemanha e denunciando ao mundo os planos do III Reich.
  • Virginia Cowles foi uma jornalista cor-de rosa que percorreu os campos de batalha da Guerra Civil de Espanha
  • Clare Hollingworth acabou por ser a autora do 'furo do século' depois de noticiar em primeira mão o início da guerra na fronteira da Alemanha com a Polónia.
  • Helen Kirkpatrick esteve nos bombardeamentos de Londres, na invasão de Itália e na libertação de Paris, tendo sido a primeira repórter a conseguir os mesmos direitos que os homens numa zona de combate controlada pelos Aliados.

Entre relatos de uma época trágica e episódios mundanos, envolvendo paixões amorosas, encontros com celebridades e outros reflexos da normalidade possível numa Europa virada do avesso, este é um retrato simultaneamente dramático e colorido de seis mulheres corajosas que, contra todas as convenções, arriscaram a vida para testemunhar o conflito mais devastador do século XX.

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