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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

No Dia Internacional dos Museus, eis algumas histórias que se desenrolam... em museus

Book Stories, 18.05.23

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Hoje assinala-se o Dia Internacional dos Museus e, por isso, deixo-vos algumas sugestões de livros cujas histórias se passam exatamente em museus. Poderão encontrar livros infantis, romances e até uma antologia!

 

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'A Dama Roubada'

Conta a história de um grupo de funcionários do Museu do Louvre que faz de tudo para proteger as obras de arte dos nazis que invadiram Paris na 2ª Guerra Mundial.

 

 

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'Os viajantes e o livro dos museus'

É uma antologia que recolhe e sistematiza textos, escritos quase sempre em língua inglesa, francesa ou castelhana, que foram escritos ao longo dos séculos XVIII e XIX por numerosos viajantes estrangeiros que relataram as suas visitas às colecções e museus de Portugal.

 

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'Era uma vez no museu'

Trata-se de um livro infantil no qual as personagens principais são algumas das peças em exposição no museu. No livro, elas ganham vida, revelam valores e emoções. O objetivo é o de dizer às crianças que, ao contrário do que lhes possa parecer, há vida nos museus.

 

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'O Museu'

É também um livro dirigido aos mais novos e conta-nos a história de uma menina que dança e rodopia pelas salas de um museu. Cada obra de arte provoca algo de novo dentro de si: divertimento, curiosidade, alegria, inspiração. Quando se encontra diante de um quadro em branco é levada a criar e a expressar-se - que é o maior sentimento de todos.

 

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'Espanto e encantamento'

Alois Vogel trabalha como vigilante do Museu dos Expressionistas de Coblença. Depois de 25 anos como funcionário, começa a escrever as suas memórias nas quais fala sobre os visitantes do museu e as vidas que lhes inventa, sobre os colegas, os mestres do expressionismo, a cerveja - e a solidão.

 

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'Os crimes inocentes'

Um homem aparece assassinado no salão principal do Museu dos Coches de Lisboa, com uma lança atravessada no ventre. Ao longo dos dias seguintes, morrem misteriosamente mais pessoas. Trata-se de uma obra que percorre os lugares mais emblemáticos de Lisboa e oferece uma visão irónica dos bastidores da cultura, dos seus jogos e guerras.

 

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Temos de cancelar já a cultura woke antes que ela cancele a humanidade

Book Stories, 03.04.23

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Woke – Um guia para a justiça social’ é um livro que todos deveriam ler. Escrito por Titania Mcgrath, mostra o extremismo social, cultural e identitário que a chamada cultura woke está a levar a cabo.

Titania é licenciada em Línguas Modernas e mestre em Estudos de Género. É uma ativista e poetisa interseccional que, ao entrar na creche, identificou-se como não binária. Aos 24 anos identificou-se como NAME – Negra, Asiática e de Minoria Étnica, mas esta identificação apenas durou um mês. Depois assumiu-se ecossexual.

Na verdade, Titania Mcgrath não existe. É uma personagem criada pelo comediante Andrew Doyle que, nesta obra, expõe de forma satírica os exageros que a cultura woke comete na defesa de causas sociais justas e dignas.

O livro tem 18 capítulos e cada um deles tem um título sui generis: “que se foda o patriarcado”, “chupa-me o hashtag”, “morte branca”, “o brexit e a chegada do IV reich”, “poder da rata”, “islamofeminismo” ou “o mundo não deve ser povoado” são alguns dos exemplos.

Ao longo das 133 páginas é-nos apresentada a forma de pensar daqueles que são apologistas da cultura woke, também conhecida por cultura do cancelamento.

Naturalmente que, por se tratar de uma escrita satírica, não pode ser lida à letra, porque tudo é um exagero. O importante é reter a mensagem que fica nas entrelinhas e que mostra bem o perigo que esta nova ‘moda’ representa.

Logo no início Titania apresenta-se como a verdadeira adepta da cultura do cancelamento: “se sentes que algo é verdade, então é verdade. É assim que funciona a justiça social”. É assim que pensam os wokistas: se eles acham que é assim, então é porque é mesmo assim e ai de quem diga o contrário. Quem tiver a ousadia (ou coragem) de o fazer é cancelado.

“Se não queres ser censurado, não digas as coisas incorretas. É simples”, escreve Titania, enquanto explica que “as clássicas conversas ‘cara a cara’ são boas, mas a melhor maneira de debater questões política sérias é certamente através de plataformas online que nos salvam de potencial intimidação que o contacto humano direto pode acarretar e os argumentos também não precisam de ser desenvolvidos mais do que o limite de 280 caracteres”.

“Além disso”, acrescenta Titania, “é importante poder bloquear os que não estão de acordo connosco e, assim, evitar ser ofendida por opiniões contrárias”.

Através da voz de Titania, o autor recorda-nos o que escreveu Rudy Martinez, estudante universitário, num artigo publicado no jornal da universidade do Texas e intitulado ‘O teu ADN é uma abominação’ e no qual se lê que a “morte branca significará a libertação para todos. Para vocês, liberais de bom coração, niilistas apáticos e extremistas de direita: aceitem essa morte como o primeiro passo para se definirem como algo diferente do opressor. Até lá, lembrem-se disto: eu odeio-vos porque vocês não deveriam existir”.

Ao longo do livro de Andrew Doyle lemos como Titania é uma fervorosa adepta da continuidade do Reino Unido na União Europeia e de como ficou revoltada com o Brexit. Titania, enfurecida, escreve mesmo que já não se “digna” a ajudar idosos a atravessarem a rua porque, como “escolheram o Brexit podem safar-se sozinhos no trânsito”.

Falando sobre feminismo, a ativista-protagonista deste livro é bastante explícita: “se não és feminista, não és realmente mulher” e diz ainda que as mulheres que “optam por sacrificar a perspetiva de ter uma carreira” para ficar em casa a tratar dos filhos “odeiam mulheres, odeiam-se a si mesmas”.

“Estás mulheres são piores do que os homens”, acrescenta para mais à frente nos brindar com a profunda reflexão: “Todas as relações heterossexuais são violações. Portanto, todos os pais são violadores. Não há nada remotamente woke em ter filhos. É uma função biológica grotesca desnecessária”.

Com estes excertos, de entre tantos outros que poderia citar, ficamos esclarecidos quanto à forma – e não à essência – da cultura woke.

A vontade de defender determinadas causas que devem ser defendidas e valorizadas – os direitos das mulheres, dos homossexuais, o fim de comportamentos racistas – está errada na forma.

Está errada quando há bibliotecas que escondem os livros ‘Os Cinco’ porque a autora  (que nasceu em 1897) usou expressões como “queer”, “gay”, “castanho” em referência à cor da pele de uma personagem ou a expressão “cala a boca”.

Ou quando estão a ser reescritas as valiosas obras de Agatha Christie, como é o caso de ‘Morte no Nilo’. No original lê-se “as crianças voltam e olham, e os seus olhos são simplesmente nojentos, assim como os seus narizes, e eu não creio que goste realmente de crianças".

Esta versão foi escondida nas bibliotecas e substituída por uma politicamente correta: “Elas voltam e olham, e olham fixamente. E eu não creio que goste realmente de crianças."

No livro ‘O Mistério das Caraíbas’, a autora descreve um funcionário de um hotel que sorri com uns “dentes brancos tão bonitos”. Esta passagem foi removida na mais recente edição da obra de 1964.

Estes são os exemplos mais recentes do que a cultura de cancelamento está a fazer à cultura da humanidade: apagar, reescrever, alterar a história. É importante que se discuta este tema e se alerte para o monstro que está a ser criado. Este monstro, se não for travado já, vai destruir a cultura e apagar a história. Onde é que vamos parar?

 

✅ o alerta para este tema tão urgente

❌ é tão satírico que se torna um pouco cansativo

⭐ 4

 

Este é o 'Livro dos Cancelados' e é um alerta para o perigo da cultura 'woke'

Book Stories, 22.03.23

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A Dom Quixote lançou, ontem, o 'Manual do Bom Cidadão, o Livro dos Cancelados', do economista e intelectual espanhol Jorge Soley, um livro para compreender e resistir à cultura do cancelamento que domina as redes sociais e a nossa sociedade.

Palavras. Estátuas. Livros e, até, pessoas são canceladas. Tudo deve ajustar-se aos moldes do politicamente correto. A pergunta é óbvia: Porquê? O que fazer perante o crescimento da política 'woke'?

“É muito provável que não tenhamos vontade de nos vermos imersos num processo público de cancelamento, mas também é crescente a probabilidade de que, sem o desejarmos, tenhamos de enfrentar uma situação em que devemos escolher entre dizer a verdade e assumir as consequências, ou mentir, moldarmo‑nos ao politicamente correto e passarmos despercebidos. A maioria de nós, ocupada como está com as nossas famílias, os nossos amigos, os nossos trabalhos e atividades, preferiria passar ao lado de todos esses conflitos, controvérsias e cancelamentos que dividem a nossa sociedade. Mas a neutralidade já não é uma opção”, escreve o economista e professor universitário espanhol, Jorge Soley Climent, um intelectual católico, licenciado em Economia pela Universidade de Barcelona, colunista habitual na imprensa espanhola.

Professores com processos disciplinares por ensinar que o sexo é determinado por um par de cromossomas, contas de Twitter suspensas por referirem que a relva é verde, estátuas derrubadas e vandalizadas, filmes da Disney considerados abominações, livros que têm de ser reescritos, palavras que, de um dia para o outro, se transformam em termos proibidos e podem arruinar a nossa carreira ou mesmo a nossa vida…

A controvérsia suscitada por esta cultura do cancelamento deriva e entronca, segundo o autor, no crescimento das 'fake news'. O aumento da desinformação, usada inclusive por governos e movimentos políticos e ideológicos - que recorreram às redes sociais para espalhar informações falsas entre a população - leva a que se considere normal a censura de certas mensagens.

Soley julga, no entanto, ser bastante mais perigoso utilizar o medo para cancelar tudo aquilo que é contrário à ideologia que defende. “A desinformação sempre existiu, sempre houve propaganda. Mas sempre pensámos que as pessoas são suficientemente maduras para distinguir a informação viável da falsa”, afirma, quem considera que a justiça é a única solução, “já que o cancelamento é um caminho perigosíssimo”.

Jorge Soley Climent foi fundador e presidente da European Dignity Watch e é patrono do Center for European Renewal e da Fundación Pro-Vida de Cataluña.