Pura diversão com 'A Defensora do Oculto'
'A Defensora do Oculto' é o primeiro livro publicado por Andreia Ramos, uma jovem portuguesa de 24 anos. A obra, da Chiado Books, foi publicada em julho do ano passado e está à venda por, sensivelmente, 16 euros. O segundo volume da saga é publicado este mês.
Sinopse:
Chelsea Burke aparentava ter uma vida completamente normal: a sua aselhice e a capacidade inata de nunca chegar a horas a nada faziam parte do seu charme natural. Mas, no momento em que encontrou aquele pingente roxo abandonado no chão, tudo mudou para sempre.
Agora, a bela ruiva de caracóis longos terá de aprender a lutar e saber mais sobre a história da Luz e da Escuridão para poder sobreviver, abraçar o seu destino e recuperar a glória e a memória de outros tempos.
Entre um amor escondido e seres assustadores, a questão que se coloca é: como irá esta rapariga desastrada e assustadiça assumir o seu papel enquanto Guerreira Defensora contra o Oculto... ao mesmo tempo que evita chumbar a Inglês?
Opinião:
Comecei a ler este livro com algumas reservas, pois não é um género literário que me atraia.
No entanto, não posso dizer que me tenha desiludido. Antes pelo contrário: divertiu-me imenso.
Com as primeiras páginas fiz logo uma ligação à saga 'Crepúsculo': a miúda desajeitada que conhece um rapaz lindo na escola. O facto de a casa da Chelsea ser à beira de um bosque também me fez recuar uns bons anos no tempo para regressar a Forks e à casa da Bella.
Mas logo a saga de Stephenie Meyer ficou para trás. Assim que li a primeira transformação da Chelsea na Defensora do Oculto a minha mente transportou-me para… 'As Navegantes da Lua'. A cereja no topo do meu bolo era se Chelsea tivesse uma frase-chave, como tinha a Bani, algo do género “em nome do oculto, vou castigar-te”.
E isto não foi tudo. Tal como n’As Navegantes da Lua', aqui também há um Mascarado que aparece sempre para salvar a indefesa heroína.
O que me diverti com esta leitura.
À parte das semelhanças com a série infantil que foi transmitida em Portugal nos anos 90 (e creio que repetida posteriormente), o livro está bem escrito. Nota-se que é a primeira obra publicada da autora, pois existe uma utilização de ‘muletas literárias’ que só a experiência ajuda a contorná-las.
A escrita é simples, tanto que me pareceu um livro dirigido ao público juvenil, pese embora o género fantasia não seja um exclusivo deste tipo de público. Mas este aspeto não é necessariamente mau, nem bom. É o que é.
A história, também ela simples, envolve, especialmente nas páginas mais finais em que acontece um embate cujo final é, por um lado esperado, porque a Chelsea é a heroína da história e, por isso, não poderia terminar de outra forma, por outro lado é desafiante para a própria autora, na medida em que me deixou a pensar como será a continuação desta história.
Não é o melhor livro que eu já li, nem a história mais interessante que já me passou pelos olhos. No entanto, é um livro escrito com convicção e – arrisco dizer – com o coração.
Mais importante do que a construção e a capacidade de escrita da Andreia é a mensagem subjacente nesta história: a coragem, o sacrifício, o preconceito.
Ela sabia que não prestava para ser a Defensora do Oculto. Qualquer pessoa seria melhor do que ela para esse feito. E, por isso, Chelsea não percebia por que razão o pingente a tinha escolhido
Tendemos, enquanto seres humanos, a não (querer) ver o sacrifício das pessoas para serem o que são, para fazerem o que fazem. Tendemos a acreditar que 'aquela' pessoa, por ser o que é e por ter o que tem, 'nasceu com os olhos virados para a lua', como se tudo fosse obra do simples mero acaso.
Mas não. As pessoas (a larga maioria) esforçam-se diariamente para serem melhores, para agradar à comunidade que nem imagina o esforço que existe por trás da pessoa que veem, da pessoa que ouvem.
Em suma, 'A Defensora do Oculto' é um livro que se lê rapidamente porque a escrita não dificulta e a narrativa flui.
Com isto resta-me dizer que lerei a continuação desta saga com a esperança de que haja um update na forma de escrever da autora para subirmos ao próximo nível.
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☝️ Pontos Positivos: escrita simples, história fácil, bom para desanuviar a mente, mensagem bonita
👇 Pontos Negativos: escrita demasiado simples, o que torna a obra um pouco simplista.
⭐ Avaliação: 3 estrelas