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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Cinco livros de autoras portuguesas que todos deviam ler

Book Stories, 11.03.23

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Nunca é demais ler em português e hoje trago-vos cinco livros de autoras portuguesas que merecem ser lidos.

Por um lado, pelas histórias que contam que são, todas elas, diferentes e, por outro lado, porque devemos ajudar a literatura nacional lendo o que é escrito em português.

E uma vez que estamos no mês de março, optei por sugerir cinco autoras, uma vez que ainda há poucos dias celebrámos o Dia da Mulher.

 

📖 A Terceira Índia – Este é o romance de estreia de Íris Bravo, médica ginecologista e obstetra que, há mais de uma década, trabalha com infertilidade e procriação medicamente assistida. Tantos anos a acompanhar as histórias de milhares de mulheres que não conseguem engravidar levaram Ísis a escrever este livro que conta a história de Sofia, uma jovem de 32 anos, casada e que não consegue engravidar. Este é apenas o ponto de partida de uma narrativa que se divide entre Lisboa e Moçambique, entre uma mulher liberal e mais próxima do budismo e um marido conservador profundamente católico, entre um amor incondicional e uma traição. Sofia muda a sua vida por completo e descobre tudo aquilo que é capaz de fazer, inclusivamente, arriscar a sua própria vida depois de conhecer Alex, um homem que é o oposto do seu marido e que a conquista sob o calor de Moçambique.

 

📖 Dos Dois Lados da Barricada – Da autoria de Luísa Luiz-Gomes é dos poucos livros que estão na minha estante e que ainda não li, mas é uma leitura que está para breve porque estou muito curiosa. O livro conta histórias privadas e de intervenção pública de quatro famílias com tradição política - Arons/Barradas de Carvalho, Teotónio Pereira, Pinto Leite e Luiz Gomes (a família da autora) - que superaram dificuldades em períodos de guerra e de revolução, reinventando-se ao longo das décadas. A primeira parte é composta por cinco capítulos: o primeiro serve-nos de apresentação e contextualização destas famílias; o segundo refere-se ao período do Estado Novo; o terceiro conta como estas famílias vivenciaram o dia 25 de Abril de 1974; o quarto refere-se às vivências durante o PREC; e o quinto aos primeiros tempos da democracia. Já a segunda parte tem apenas dois capítulos: uma lição de pluralismo e uma sociedade em mudança. Do que já folheei parece-me uma obra demasiado biográfica, o que, contudo, não lhe retira a capacidade de transmitir informação histórica.

 

📖 A Noite Passada – Alice Brito, tendo Lisboa como ponto de partida, conta-nos a história de uma jovem, Amélia, de famílias respeitáveis, que põe o futuro e a honra a perder quando se deita com um agente da PIDE que, apesar dos seus modos delicados e linguagem sedutora, é capaz das maiores crueldades. Com uma escrita fluída, que nos faz lembrar a série da RTP, ‘Conta-me Como Foi’, Alice Brito traça um retrato da sociedade do regime de Salazar, desde os preconceitos, à perseguição da PIDE, às modas e, claro, ao grande sonho de liberdade da sociedade da época. Alice Brito é também a autora de ‘As Mulheres da Fonte Nova’ e ‘O dia em que Estaline encontrou Picasso na biblioteca’.

 

📖 Tudo o Que Sempre Quis – Este, que é o livro de estreia da jovem escritora Ana Rita Correia, foi uma agradável surpresa. Se por um lado há críticas menos positivas a fazer a esta história, por outro lado, há também muitas construtivas a fazer a uma jovem autora que se arriscou a lançar um livro quando, e infelizmente, a sociedade ainda vive muito dos grandes autores, não dando a oportunidade a novos escritores para que possam, também eles, tornarem-se em grandes nomes da literatura. Sobre a história do livro, trata-se daquele romance cliché que acaba bem, mas que ainda assim tem várias ramificações complexas que só pecam por estarem subdesenvolvidas, o que, em certa medida, se justifica pela inexperiência da autora. Ainda assim, vale a pena. Vale sempre a pena ler novos autores!

 

📖 ‘Todos os dias são meus - Este livro, de Ana Saragoça, lê-se num instante, em pouco mais de uma hora. É divertido, tem humor e uma escrita que intervala entre o simples e o cuidado. É também um retrato quase real da sociedade e das várias personalidades que a compõem. Aliás, é um retrato quase fidedigno do que é viver num prédio com poucas pessoas. Ao mesmo tempo que vamos conhecendo os moradores do prédio onde ocorre o crime, vamos conhecendo a própria vítima, descobrindo as razões que a transformaram na pessoa solitária que nos é dada a conhecer. Mais do que uma caricatura de alguns aspetos da sociedade, este livro é também uma reflexão sobre a solidão, sobre como vivemos rodeados de pessoas e, no entanto, tão sozinhos.

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