'A Terceira Índia' é a prova de como a vida dá voltas que nos podem surpreender (e ajudar a encontrar o nosso caminho)
‘A Terceira Índia’ é aquilo a que chamo uma boa surpresa. Não tinha grandes expetativas e só o comprei porque estava na moda e via toda a gente a partilhar o livro e a dizer maravilhas. Imbuída de curiosidade avancei com a compra e posso dizer, com segurança, que não me arrependi em absolutamente nada.
Eu não tenho por hábito procurar informações sobre as histórias dos livros porque tira a magia da surpresa que é virar cada página, terminar cada capítulo e, portanto, quando iniciei a leitura estava totalmente às escuras sobre a história. Sabia apenas que se desenrolava em dois países e que a Sofia tinha dificuldade em engravidar.
Por isso, partindo com tão pouca informação fui completamente assoberbada por uma história envolvente que na verdade pode acontecer a qualquer uma de nós e a qualquer casal.
Mas comecemos pelo princípio. Os primeiros capítulos são a apresentação da história de amor da Sofia e do Ricardo. Ela é liberdade, simplicidade, sonhos. Ele é conservador (é o típico agrobeto do Ribatejo cujos pais endinheirados acham que mandam e desmandam em tudo), é católico e até mandão!
Os dois conheceram-se ainda adolescentes numas férias de verão e a paixão assolapada levou-os ao casamento. Os primeiros anos são relativamente tranquilos, mas é quando decidem ter filhos que os problemas começam a surgir e de tal forma que Ricardo acaba por trair Sofia e os dois separam-se.
Sentindo-se perdida, surge uma oportunidade e Sofia vai dar aulas para Moçambique para um ambiente que é completamente o oposto ao que ela estava habituada.
A forma como a autora descreve Moçambique, a falta de condições básicas de habitação e higiene, a pobreza com que se vive na antiga colónia portuguesa é tão envolvente que parece mesmo que estamos lá a sentir a terra debaixo dos pés, a sentir o calor, a viver as dificuldades.
É em Moçambique que a personagem Sofia sofre uma importante mutação. Confesso que não me apaixonei pela personagem à primeira, parecia super banal, mas as experiências moçambicanas transformaram-na numa mulher nova, revigorada e com uma força interior que ela (e muito menos o leitor) não conhecia!
Sofia cruza-se então Alex, um homem que é o total oposto de Ricardo e que de uma forma diferente e profunda a atrai ao ponto de Sofia arriscar a própria vida!
E acreditem: quem conhece a Sofia dos primeiros capítulos jamais pensaria que ela seria capaz de uma atitude deste género!
O livro é tão, mas tão, envolvente nos capítulos finais que eu simplesmente não conseguia parar de ler e eu adoro quando um livro tem a capacidade me retirar as minhas sagradas horas de sono!
Por tudo isto, a autora está de parabéns pela história que conseguiu criar, especialmente porque é a estreia literária de Isis Bravo que é médica ginecologista e ainda assim teve a capacidade de deixar ‘A Terceira Índia’ num ponto em que mereceu uma continuação com ‘A Nova Índia’ e que mal posso esperar para ler.
✅ A transformação de Sofia e a forma como a autora o conseguiu fazer de forma tão delicada e ao mesmo tempo robusta
❌ Não tenho nada a apontar
⭐ 4