Sabiam que Carlos Castro foi assassinado no mesmo dia em que Inês de Castro foi executada?
Pormenores macabros, episódios dramáticos, culpas caladas e curiosidades sinistras.
É esta a proposta do 'Almanaque do Crime Português', o mais recente livro da escritora, argumentista e tradutora Maria João Medeiros.
Grandes homicidas, crianças desaparecidas, atentados famosos, santos do crime e pecadores em fuga. Tudo isto cabe neste Almanaque.
"Desmontar o enigma do crime português, perscrutando cenários e curiosidades que povoam e assombram o nosso imaginário colectivo desde há séculos e até ontem à noite, foi desafio irresistível, o qual, uma vez aceite, se concentrou num apertado calendário de pesquisa obsessiva, febril e ininterrupta". Foram estas as motivações que levaram a escritora Maria João Medeiros a reunir os principais crimes que marcam a História de Portugal, no 'Almanaque do Crime Português'.
Dos mais tenebrosos aos mais insólitos. A autora deste livro convida o leitor a vestir o fato de detective e percorrer – se quiser, aleatoriamente – os 12 meses do ano em busca de malfeitoras e matadores, de mulheres fascinantes e de homens fatais e deslindar pistas inesperadas e pormenores rocambolescos. O índice, em anexo, dá-nos indicações preciosas para escolhermos o nosso percurso.
Há que ter estômago, pois ao aceitar esta convocação ver-se-á nos meandros de cenas ensanguentadas de emoção.
Contudo, nem tudo é risco e confronto. Neste livro podemos igualmente desvendar a nobreza dos resistentes e a potência redentora de um gesto de amor.
Cuidado com a criatividade dos facínoras. Na obra não faltam histórias de algumas prisões e fugas – como a do astuto Pêra Satanás que escapou à cadeia do Limoeiro em 1869 – que ficaram para a história. São ainda dadas, aqui e ali, sugestões de clássicos da literatura com faro policial, como o 'Mistério da Estrada de Sintra' de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão.
E para quem não acredita em coincidências: sabia que o jornalista Carlos Castro foi assassinado, pelo jovem Renato Seabra, no mesmo dia em que, 656 anos antes, a rainha póstuma Inês de Castro foi executada às ordens do rei D. Afonso IV?
Tudo cabe neste 'Almanaque do Crime Português', uma obra de divulgação histórica, que alia rigor e simplicidade, e que, segundo a autora, "coloca mais uma peça no intrigante quebra cabeças da identidade portuguesa, incógnita que este livro convida o leitor a investigar".