Florbela Espanca, a poetisa que se matou no dia do seu aniversário
A razão da morte da poetisa Florbela Espanca não é consensual: há quem aponte para um acidente (derivado dos medicamentos que tomava e da doença mental que tinha) e quem garanta que se tratou de suicídio.
Mas a verdade é que a tese do suicido apresenta mais sustentação, afinal, antes de morrer Florbela já tinha tentado colocar termo à vida por duas vezes.
A terceira vez foi fatal. No dia 8 de Dezembro de 1930, a poetisa foi encontrada morta na sua cama com dois frascos de Veronal – um sonorífero extremamente forte usado na época – completamente vazios.
Florbela Espanca teve uma vida pessoal marcada por vários dissabores.
Em 1912, no dia em que completou o 19.º aniversário, a poetisa casou com Alberto Moutinho de quem se viria a separar oficialmente em 1921 depois de sofrer um aborto espontâneo que deteriorou o matrimónio.
Pouco tempo depois, a poetisa voltou a casar, mas um novo aborto espontâneo voltou a colocar a relação em maus-lençóis. Florbela divorciou-se e voltou a casar em 1925 – este segundo divórcio levou a que a sua família deixasse de lhe falar durante dois anos, o que a afetou emocionalmente.
Por esta altura, a neurose de que a poetisa padecia estava já bastante avançada: Florbela sofria de instabilidade emocional (ter-se-á apaixonado por um pianista, razão pela qual tentou suicidar-se pela primeira vez) o que, naturalmente, abalara os alicerces do seu casamento.
A segunda tentativa de suicídio acontece numa fase em que a neurose progredia a olhos vistos e a poetisa fumava desalmadamente, tendo-lhe, inclusive, sido diagnosticado um edema pulmonar.
Um a dois meses depois (não se sabe com exatidão se a segunda tentativa de suicídio ocorreu em outubro ou novembro), Florbela Espanca escolheu o dia 8 de Dezembro – dia do seu nascimento e do primeiro casamento – para encontrar o descanso final e colocou termo à vida.
Para trás deixou a sua obra, sendo eternizada na memória coletiva portuguesa pela poesia que escreveu.