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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Entrevista a Andreia Ramos, autora de 'A Defensora do Oculto'

Book Stories, 16.09.20

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Hoje é dia de estrear uma nova rubrica no blogue. Achei que era importante, não apenas divulgar os livros, mas também os autores.

Eu, enquanto leitora, tenho imensa curiosidade em conhecer um pouco melhor as pessoas que me fazem passar horas a fio agarrada a um livro e, por isso, decidi começar a entrevistar os autores.

Assim, esta aventura arranca hoje com a entrevista a Andreia Ramos, a responsável pelo sucesso que dá pelo nome de 'A Defensora do Oculto' e que acaba de lançar o segundo livro da saga!

 

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Quem é a Andreia Ramos? 

Nasci no Barreiro há 25 anos e vivo na Moita. Na secundária segui Línguas e Humanidades para fugir às físicas e químicas da vida, e acabei por me licenciar em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, em 2016. Como sempre gostei de escrever, no meu quinto semestre aproveitei para fazer uma cadeira extracurricular de escrita criativa que acabei por adorar. Trabalho há já 4 anos enquanto Assessora de Comunicação e já trabalhei marcas conhecidas, desde a Huawei, Momondo, Quinta do Lago, até outras mais desconhecidas.

Como e quando decidiu escrever livros?

Lembro-me que foi algures no meu 8º ano, no meio da febre do Twilight (pela qual, por acaso, nunca passei) e uma amiga minha mostrou-me que estava a escrever uma fanfic. Foi nessa altura que pensei “espera lá, eu podia fazer isto”. E foi então que comecei também por fanfics, penso que fiz três até passar a escrever originais e publicá-los no blog que tinha na altura e que, entretanto, já apaguei.

Em quê e em quem se inspirou?

Como comecei por escrever fanfics, fui buscar inspiração às séries de que gostava e via na altura, como Charmed e Sobrenatural. Quando passei essa fase, acho que acabei por me inspirar em situações do dia a dia e mesmo imaginar o que gostava que acontecesse.

Porquê escrever sobre o género fantasia? É o seu preferido?

Sempre fui fascinada pelo oculto, magias, etc., e sempre procurei consumir conteúdos ligados a esse tema e, sinceramente, nem sei explicar o porquê desse fascínio. Na altura pareceu-me natural criar mundos repletos de magia onde tudo pudesse acontecer e ainda hoje sou bastante fã do género – sim, porque A Defensora do Oculto foi escrita algures no meu 10º/11º ano, o rascunho pelo menos.

Quantos livros terá saga de 'A Defensora do Oculto'?

Inicialmente estava pensada para ser uma série de quatro livros, que acabei algures durante a faculdade. Entretanto, há cerca de ano e meio, tive a ideia para um 5º e não lhe resisti, tive de a pôr em papel. A verdade é que não estava pronta para dizer adeus àquelas personagens e acredito que com o 5º consigo dar-lhes o final que merecem. Assim, vai ser uma série de 5 livros!

Tem planos para quando encerrar a história de Chelsea? 

O que não me faltam são ideias, mas vou focar-me numa delas e escrever o meu primeiro romance que terá como protagonista uma enfermeira.

Como está a vivenciar o reconhecimento do público?

Nunca pensei encontrar nesta comunidade tanto apoio como aquele que tenho recebido e, por isso, só tenho de agradecer. Até agora, a situação mais engraçada que me aconteceu foi estar a falar com uma rapariga durante algum tempo sobre um livro que ambas tínhamos lido e então ela vira-se e diz “espera lá, tu és a autora da Defensora do Oculto”. Não sei se posso enquadrar isso em “reconhecimento do público”, mas não pude deixar de me sentir orgulhosa. A aceitação do meu livro, e mesmo de mim enquanto escritora, não podia estar a ser melhor!

Quantos livros vendeu? Superou a sua expectativa e a da editora?

Quando decidimos editar, ainda para mais em vanity, há sempre um receio por não sabermos se conseguiremos sequer recuperar o nosso investimento. Não sei quais as expectativas da editora, mas as vendas do primeiro volume da Defensora do Oculto, cerca de 300, superaram bastante as minhas – temi ficar com as caixas cheias de livros em casa e a verdade é que em pouco mais de 3 meses já os tinha vendido todos. 'A Defensora do Oculto II' superou ainda mais! Durante o mês da pré-venda e a primeira semana de venda já tenho 102 exemplares vendidos e/ou reservados – é bom saber que quem leu o primeiro quer continuar a acompanhar a história.

Quais são as grandes diferenças entre os dois livros?

Considero o primeiro um pouco como a introdução a esta aventura, que segue a vida da Chelsea. É o primeiro de cinco e a verdade é que a ação em si, as verdadeiras provas, dificuldades e dores de crescimento ocorrem a partir deste segundo. A história em si, começa agora, e isso faz com que haja também uma alteração a nível da forma de ser das próprias personagens.

A Chelsea teve tempo para amadurecer os métodos de combate e a sua própria personalidade?

Sem dúvida. No fim do primeiro livro (spoiler free) a Chelsea teve um choque. E com esse choque veio a noção do que é na realidade a sua missão e, por isso, embora preguiçosa e desastrada, vemos uma Chelsea mais consciente e esforçada. É uma personagem que ao longo dos cinco livros cresce imenso – quem ler o primeiro e chegar ao fim da série, com o quinto, não terá dúvidas disso.

É possível viver apenas da escrita?

Acredito que é possível viver através da criação de conteúdos – sejam eles livros, artigos, content marketing, redes sociais, etc. Neste momento, em Portugal, um escritor viver apenas dos seus livros é complicado.

Como descreve o estado da literatura nacional.

Acho que a literatura em Portugal é muito elitista – não por parte dos leitores, que felizmente estão cada vez mais abertos à ideia de ler novos escritores nacionais dos mais variados géneros literários, mas sim de quem está à frente de editoras e mesmo de concursos.

O que mudaria no panorama literário nacional?

Gostava que entendessem que tudo tem a sua época. 'Os Maias' foram ótimos, na altura deles; Saramago foi um génio, sem dúvida, mas já não está cá. Com isto quero dizer que o nosso país tem imenso talento ao qual não é dado o devido valor por não se enquadrar no tipo de obras já descontextualizadas da nossa realidade. Gostava que, por exemplo, os livros que os jovens são obrigados a ler nas escolas os deixassem apaixonados pela leitura e não o oposto.

Qual é o grande sonho da Andreia?

Não posso dizer que seja o grande sonho, mas gostava de ser rica o suficiente para poder fazer dos meus hobbies, a minha vida, e ao mesmo tempo criar algo que também ajudasse os outros – o quê? Não sei.

 

 

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