'As Mulherzinhas' é uma deliciosa história de família
Mais um clássico lido, mais um objetivo cumprido.
Se adorei o livro? Não! Mas não o detestei.
Louisa May Alcott conta-nos em 'Mulherzinhas' a história de quatro irmãs com personalidades muito distintas umas das outras.
Na verdade, a autora conta-nos um pouco a história da sua própria família, sendo a personagem Josephine, que todos tratam carinhosamente por Jo, um alter ego da própria Louisa May Alcott.
A história decorre no espaço de cerca de um ano. As quatro irmãs vivenciam vários episódios – alguns divertidos, outros dramáticos – ao longo desse ano em que o pai se alista para a Guerra Civil Americana, uma decisão que afeta bastante a família pois no século XIX era o homem que providenciava o sustento da casa.
A matriarca, a Mrs. March, é uma pessoa sensata e doce, mas também assertiva no que à educação das filhas diz respeito. Em todos os episódios vivenciados, a mãe ensina-lhes sempre uma lição de vida. Por norma os sermões são o suficiente para que as filhas se sintam mal para com as suas atitudes e reflitam sobre as mesmas, mas às vezes, como também acontece na vida real, são necessários castigos para que as mulherzinhas percebam a gravidade dos seus atos.
Este livro, na verdade, lembra-me um pouco outro clássico, ‘As Meninas Exemplares’, da autoria da Condessa de Ségur. A história é relativamente parecida, o foco é a educação de jovens meninas e as lições de vida que estas aprendem.
Aliás, a beleza desta obra é ver como os acontecimentos permitem às irmãs crescer, amadurecer e contrariar alguns dos seus principais defeitos.
Personagens
A minha personagem preferida é a Jo. É uma menina de 15/16 anos que preferia ser rapaz, pois é irreverente e aventureira demais para o que é suposto esperar-se de uma menina desta idade no século XIX. Tem sangue na guelra e muitas vezes diz coisas sem pensar, acabando por se penitenciar pelos problemas que causa com a sua forma de ser tão direta. Adora todas as suas irmãs, mas tem um amor maior pela irmã mais velha Meg e, por isso, sofre quando esta atinge a maturidade sentimental.
Meg, a mais velha, é, como seria de esperar, a que toma conta das restantes irmãs, sempre com uma postura bastante maternal. Tem um grande fascínio pela alta sociedade, pelos vestidos de cetim e as festas extravagantes até participar num desses eventos.
Beth é a mais tímida. Prefere estar só com o seu piano do que socializar com as pessoas que não conhece. Passará momentos de verdadeira provação quando adoecer, uma situação que ajudará também as suas irmãs a crescer emocionalmente.
Por fim, a mais nova é a Amy que quer casar com um homem rico para não ter outras preocupações na vida que não sejam a sua querida arte de pintar. E, no entanto, será a única a escrever um testamento, na sequência de um momento que lhe deixou marcas profundas e alterou uma parte importante da sua personalidade.
✅ a facilidade da leitura, os momentos divertidos que a história proporciona
❌ momentos em que a narradora diz que não descreverá determinada situação para “ficar à imaginação do leitor”
⭐ 3,7 estrelas