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Chegou hoje às livrarias 'Os segredos de Juvenal Papisco', o romance de estreia de Bruno Paixão que venceu a II edição do Prémio Literário Luís Miguel Rocha. Escrita num local inusitado, uma carruagem de comboio estacionada numa quinta nos arredores de Coimbra, esta é uma obra fortemente influenciada pelo realismo mágico sul-americano e que procura fazer uma crítica social da contemporaneidade.
Centrado na personagem de Juvenal Papisco, um padre a quem o hábito nem sempre assenta bem – sendo tão capaz de gestos de bondade e elevado sentido de justiça como de maldade ou cinismo –, este romance recheado de ironia decorre num tempo indefinido e local imaginado, Orão, onde as tramas, os pequenos poderes, os vícios, as superstições ou a força dos mexericos poderão recordar ao leitor a sua rua, a sua vila, a sua cidade ou até o seu país.
Orão é um lugar de sangue quente, cheio de superstições, habitado por personagens memoráveis como a benzedeira Xêpa Alma, o corrupto alcaide Heitor Raimundo ou o diligente boticário Zaqueu Soeiro.
Destaca-se, entre eles, Juvenal Papisco, um padre de temperamento espontâneo e cru que sucumbe sem pudor aos prazeres e às imperfeições e que não suporta as injustiças que se perpetuam em Orão, avivadas pelo predomínio dos senhores de sempre.
Quando o jornal clandestino A Trama acusa Ismael Macho de andar metido com a mulher de outro, todos temem uma desgraça, e Ismael acaba mesmo por morrer durante a procissão da Virgem Santíssima, em circunstâncias estranhas. Todos as suspeitas recaem sobre o marido enganado, mas este nem à força de porrada admite a autoria do crime, para desespero do coronel Moniz.
'Os segredos de Juvenal Papisco' é um romance de estreia memorável, que com uma fina ironia e um apurado sentido caricatural se apresenta como uma metáfora social, expondo a traição, a urdidura política, as fraquezas da justiça, o espaço conjugal como campo de sonhos e de utopias e as mezinhas respondendo ao que a medicina não pode.
Aquando da entrega do Prémio Literário Luís Miguel Rocha, o júri fez a Bruno Paixão um rasgado elogio assinado por Vergílio Alberto Vieira: "Este primeiro romance de um escritor de consolidados recursos literários e que excede expectativas no panorama das Letras Portuguesas deste início de século. Romance emergente, no mais autêntico sentido da palavra, 'Os segredos de Juvenal Papisco', de Bruno Paixão, abre, em toda a linha, um capítulo de excelência no quadro da literatura contemporânea".
Depois de uma pré-apresentação no Festival Correntes d’Escritas, onde o livro foi dado a conhecer pela primeira vez, ainda antes de chegar às livrarias, Bruno Paixão vai dar início a uma tour por algumas cidades do país para apresentar 'Os Segredos de Juvenal Papisco'. A primeira é Coimbra, domingo, dia 26, onde os mais de 400 lugares do Convento São Francisco já estão esgotados, seguindo-se Viseu, a 18 de março, nova data em Coimbra, a 24, Aveiro, no dia 25, Viana do Castelo a 16 de abril e outras datas e locais ainda a anunciar.
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