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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Bertrand retoma lançamento de livros. Eis as novidades

Book Stories, 15.03.21

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A Bertrand Editora, detentora das chancelas Bertrand, Quetzal, Temas e Debates, Pergaminho, Arte Plural, Gestão Plus, Contraponto, 11x17 e Verso da Kapa, retomou o lançamento de novidades a 11 de março, depois de praticamente dois meses sem publicar novos livros.

A Bertrand Editora tem já definido o seu plano editorial para os meses de primavera, onde se incluem novos títulos de Anthony Williams, Bonnie G. Smith, Eric Frattini, James Rollins, Matt Richtel, Augusto Cury, Barry Strauss, Beatrix Potter, Frédéric Lenoir, Jeffrey Archer, João Paulo Oliveira e Costa, Maria do Rosário Pedreira, Patrícia Campos Mello, Robin Sharma, Soeiro Pereira Gomes, Simon Garfield, Stephen King, entre muitos outros.

"Chegou finalmente o momento em que a Bertrand Editora retoma o lançamento de novidades no mercado", afirma Paulo Oliveira, CEO da Bertrand Editora.

"Ao longo deste caminho tão sinuoso do segundo confinamento geral, que contou com medidas tão drásticas como a proibição de comercialização de livros em qualquer ponto de venda com exceção de lojas online, a Bertrand Editora manteve a sua atividade editorial da forma mais normal possível para garantir que tudo estaria pronto para este momento: a publicação de novos títulos. Agora, com o desconfinamento a ser discutido e planeado, e com os leitores a já poderem encontrar os seus livros nos espaços comerciais que que se encontram abertos, a Bertrand Editora rejubila com esta ocasião. Só falta concretizar-se a reabertura das livrarias para podermos celebrar entre nós, editores, livreiros, autores e leitores, mais esta página virada na longa história do setor editorial português", acrescenta o responsável.

Para março, estão previstos os seguintes livros:

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Nova edição de 'Mossad - Os Carrascos do Kidon'

Eric Frattini 

Bertrand Editora

 

 

 

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'O Lobito Azul Adora o Papá'

Daniel Picouly e Frédéric Pillot

Bertrand Editora

 

 

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'O Médico Médium - A Cura da Tiróide'

Anthony William

Pergaminho

 

 

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'Os Seis Segredos da Inteligência'

Craig Adams

Temas e Debates

 

 

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'Subterrâneo'

James Rollins

Bertrand Editora

 

 

 

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'A Ciência do Sistema Imunitário'

Matt Richtel

Temas e Debates

 

 

 

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'Esteiros'

Soeiro Pereira Gomes

Quetzal

Vamos refletir sobre o que nos conta 'Se Isto é um Homem'

Book Stories, 14.03.21

Castanhos Quentes Citação Inspiradora Outono Pos

 

Ao contrário do que tenho feito com outros livros - mas à semelhança do que fiz com 'Vozes de Chernobyl', de Svetlana Alexievich - desta vez não vou tecer a minha opinião sobre o livro 'Se Isto é Um Homem', pois a obra é tão realista, tão profunda e tão dura que as frases que selecionei falam por si.

Vou apenas acrescentar que este foi o melhor livro que li sobre os campos de concentração nazis, pois foi o primeiro que li que realmente mostra o lado humano dos prisioneiros: como eles se sentem, como eles se veem uns aos outros, qual a representação que têm deles próprios naquele inferno em comparação com aquilo que costumavam ser e sentir.

Leiam os excetos que retirem e sintam a profundidade dos mesmos. Reflitam. Não se esqueçam. Passem a palavra. Uma barbárie destas não pode, jamais, ser esquecida.

 

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“Nenhum dos guardas teve a coragem de ir ver o que é que faziam os homens quando sabiam que iam morrer”

*

“Não há espelhos para noss vermos, mas o nosso aspeto está diante de nós, refletido em 100 rostos miseráveis e sórdidos”

*

“O meu próprio corpo já não me pertence: tenho o ventre inchado e os membros emagrecidos; o rosto inchado de manhã e encovado à noite; alguns entre nós têm a pele amarela, outros cinzenta; quando ficamos sem nos ver por três ou quatro dias, temos dificuldade em reconhecer-nos”

*

“Porque o Lager [o campo de concentração] é uma grande máquina para nos reduzir a animais, nos não devemos tornar-nos animais; neste lugar também se pode sobreviver e por isso é preciso querer sobreviver, para contar, para testemunhar”

*

“Não se deve sonhar: o momento da consciência que acompanha o acordar é o sofrimento mais intenso. Mas não nos acontece muitas vezes e os sonhos não duram muito tempo: mais não somos do que animais cansados”

 

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“Os alemães conseguiram: são 10 mil [os prisioneiros] e são uma única máquina cinzenta; estão perfeitamente dominados, não pensam e não têm vontade, marcham”

*

“Ninguém deve sair daqui, pois poderia levar para o mundo, juntamente com a marca gravada na carne, a terrível notícia do que, em Auschtwitz, o homem teve coragem de fazer ao homem”

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“Se pudéssemos chorar! Se pudéssemos enfrentar o vento como fazíamos outrora, de igual para igual, não como aqui, como vermes sem alma”

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“Verifica-se que existem entre os homens duas classes particularmente bem distintas: os que se salvam e os que sucumbem”

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“Muitíssimos foram os caminhos por nós inventados e praticados para não morrer: tantos quanto são os caracteres humanos”

 

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“Sobreviver sem renunciar a nada do seu mundo moral a não ser por poderosas e dietas intervenções da sorte. Só foi concedido a pouquíssimos indivíduos superiores com vocação de mártires e de santos”

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“Aqui no Lager não há criminosos nem loucos: não há criminosos porque não há lei moral à qual desobedecer; não há loucos, porque somos determinados e cada ação nossa é, naquele momento e naquele lugar, sensivelmente a única possível”

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“Esperar agrada-nos. Enquanto se espera, o tempo avança sem sobressaltos, sem termos de intervir para o fazer avançar; pelo contrário, quando se trabalha cada minuto percorre-nos com fadiga e tem de ser expulso com muito esforço. Por isso, é sempre agradável esperar durante horas com a completa e obtusa inércia das aranhas nas velhas teias”

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“Para nós era proibido o acesso aos abrigos blindados. Quando a terra começava a tremer, arrastávamo-nos, atordoados e coxeando, através dos fumos corrosivos dos gases até às amplas áreas ínclitas, sórdidas e estéreis. Ali jazíamos inertes, amontoados uns em cima dos outros como mortos e todavia sensíveis à momentânea doçura dos membros em repouso”

*

“Um operário civil italiano trouxe-me um bocado de pão e os restos do seu rancho todos os dias durante seis meses; ofereceu-me uma camisola sua cheia de remendos; escreveu por mim um postal para Itália e fez-me chegar a resposta. Por tudo isto, não pediu nem aceitou alguma compensação, porque era bom e simples, e não achava que o bem devesse fazer-se para obter compensações”

 

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“Creio que devo a Lorenzo o facto de estar vivo hoje; não tanto pela sua ajuda lateral, quanto por me ter constantemente lembrado com a sua presença, com a sua maneira tão linear e fácil de ser bom, que ainda existia um mundo justo para além do nosso, algo ou alguém ainda puro e incontaminado, não corrupto e não selvagem, alheio ao ódio e ao medo”

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“Já não sou bastante vivo para ser capaz de pôr termo à minha vida”

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“Destruir o homem é difícil, quase tanto como criá-lo; não foi fácil, não foi rápido, mas os alemães conseguiram-no. Desfilamos dóceis debaixo dos seus olhares: da nossa parte nada mais têm a recear: nem atos de revolta, nem palavras de desafio, nem sequer um olhar de condenação"

 

 

 

O adeus ao reconhecido 'Rapazinho' de 101 anos

Book Stories, 13.03.21

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A pouco mais de um mês de completar 102 anos, Lawrence Ferlinghetti despede-se de um mundo que deixou melhor do que encontrou.

Reconhecido poeta e artista norteamericano, intimamente ligado à Geração Beat e à defesa da liberdade de expressão nos Estados Unidos, o autor de 'Rapazinho' – título do romance autobiográfico que publicou aos 98 anos, editado pela Quetzal em novembro de 2019 – morreu na segunda-feira, dia 22 de fevereiro, vítima de doença pulmonar.

Poeta, editor, ativista, pintor, dramaturgo e tradutor, Lawrence Ferlinghetti morreu em casa em São Francisco, nos Estados Unidos, junto da família. 

Lawrence Ferlinghetti nasceu em Nova Iorque, a 24 de março de 1919, filho de uma açoriana que tinha emigrado para os Estados Unidos. Foi fundador, em 1953, da livraria e editora City Lights, em S. Francisco, e editor de escritores como Allen Ginsberg, Charles Bukowski, Paul Bowles, Sam Shepard ou Antonin Artaud.

'Rapazinho' é o derradeiro testemunho e testamento literário de Lawrence Ferlinghetti, uma fonte de conhecimento com alusões ao mundo e à vida do autor, à sua geração, erros e descobertas – e um convite ao maravilhamento.

Um romance leve, luminoso e destinado a recordar o mundo como ele devia ser.

 

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'O Bloco das Crianças de Auschwitz' onde as crianças (afinal) não são a personagem principal

Book Stories, 02.03.21

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‘O Bloco das Crianças de Auschwitz’ foi publicado em 2019 pela Editorial Presença

 

Opinião

Eu gosto imenso de ler livros sobre os campos de concentração nazis, os guetos da resistência judia, mas este livro foi muito difícil para mim.

Demorei praticamente um mês para o ler e não foi pelo número de páginas, mas, infelizmente, este livro não me cativou e, pior, deixou-me sem vontade ler rigorosamente nada.

‘O Bloco das Crianças de Auschwitz’ é uma obra autobiográfica escrita por um dos sobreviventes durante a sua passagem pelo campo de concentração criado pelo regime nazi.

Com este livro ficamos a conhecer melhor o bloco familiar existente dentro do enorme complexo Auschwitz-Birkenau e confesso que agora estou confusa porque quando visitei Auschwitz vi um bloco que era o das crianças e gostava de perceber se esse bloco é o que é aqui retratado – vou ter de investigar melhor.

Mas falando sobre o livro. A narrativa não é fácil, pois no início são-nos apresentadas muitas personagens de uma só vez, o que nos obriga a fazer aquele puzzle mental do ‘quem é quem’. E o balde de água fria que é quando aquela personagem que já encaixámos num determinado ‘local’ da história afinal já está morta e tudo o que estávamos a ler era passado?!

A primeira metade do livro é cansativa, porque há vários saltos entre o passado e o presente, um grande número de personagens apresentadas de uma só vez e exagerado número de descrições técnicas e logísticas – “com 396 buracos e duas valas paralelas que serviam para escoar o terreno lamacento”.

Quando finalmente se percebe quem são as personagens principais, a história começa a ficar mais interessante, até porque passamos a conhecer também o seu passado – quem eram, de onde vinham, quais eram os seus sonhos.

Este livro é também, à semelhança dos bons livros que existem sobre o tema, um grande murro no estômago que mostra a crueldade dos nazis para com os judeus, fossem pessoas doentes, idosas ou crianças.

Mas não só. Este relato feito por quem viveu aquele horror mostra também como as vítimas se tornavam elas também agressoras. A forma como Julius Abeles morreu é a prova disso mesmo.

Os campos de concentração eram uma amálgama de diferentes pessoas, com diferentes formas de estar na vida, variadas personalidades, mas com duas coisas em comum: a ausência de liberdade e a constante humilhação.

Estavam expostos ao frio, à fome, ao constante fedor da decomposição, às úlceras purulentas das suas feridas e ao fumo agridoce que emanava das oferendas imoladas pelo fogo e que se enrolava em grinaldas sobre a paisagem

Estas pessoas eram despojadas dos seus bens, das suas roupas, sendo obrigadas a permanecer nuas à frente de quem quer que fosse; estas pessoas eram humilhadas diretamente quando as tatuavam com números e lhes raspavam os cabelos e os pelos púbicos sem pudor; e indiretamente quando as obrigavam a negócios paralelos em que muitas vezes, em especial as mulheres, se prostituíam para terem o que comer e para terem o que dar de comer aos filhos que estavam com elas nos campos.

A fome, a contínua fome, era também ela uma forma de humilhação. Como se sentiriam as pessoas que toda a vida tiveram sempre comida à mesa, ainda que não fosse abundante era o suficiente para saciar a fome e agora viam a sua alimentação reduzida a um pão rijo e uma sopa de beterraba que mais parecia água suja?

No bloco das crianças a vida não era tão má como nos restantes blocos do enorme campo de concentração. A maioria das pessoas que ali vivia também ali trabalhava, mas as funções eram mais leves do que as dos restantes prisioneiros, pois não implicavam esforço físico exagerado.

O mais importante deste livro, na minha ótica, é ter uma pequena noção de como as crianças passavam os seus dias: com que se entretinham, o que comiam, com que brincavam, como confraternizavam umas com as outras.

Ainda não tinha lido nenhum livro que pormenorizasse a vida das crianças num campo nazi e que mostrasse como elas tinham a capacidade de se fazer abstrair do que se passava à sua volta, havendo também aqueles mais velhos que se revoltavam e se tornavam ‘moços de recados’ dos kapos (comandantes) dos campos.

No entanto, pese embora o livro se chame ‘O Bloco das Crianças de Auschwitz’, o foco não são as crianças, mas sim os seus ‘professores’. Faltou explorar a visão infantil daquele lugar horrível.

 

📖

☝️Pontos Positivos: Dar a conhecer o bloco onde (sobre)viviam as crianças em Auschwitz

👇 Pontos Negativos: O foco da trama não são as crianças; a narrativa inicial é confusa e desmotivante

⭐ Avaliação: 3,5 estrelas

 

 

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