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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

'Há sempre uma primeira vez' para ler Margarida Rebelo Pinto

Book Stories, 30.10.20

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O livro ‘Há Sempre Uma Primeira Vez’ de Margarida Rebelo Pinto foi publicado em 2013 pelo Clube do Autor.

 

Sinopse:

Escrito ao jeito do bestseller A Minha Casa é o Teu Coração, neste novo livro a escritora Margarida Rebelo Pinto volta à análise das, por vezes complicadas, relações entres homens e mulheres. A partir daí, através de pequenas narrativas, a escritora descreve com humor as várias fases que um relacionamento pode ter.
Do enamoramento à paixão e desta ao desencanto, Margarida Rebelo Pinto revela neste livro, sem subterfúgios ou rodeios, a habitual intensidade emocional e o apurado sentido de humor que tão bem caracterizam a sua escrita.

 

Opinião:

Margarida Rebelo Pinto revela-se, novamente, numa escrita muito leve.

Tem uma escrita para entreter, mas, no entanto, leva-nos a refletir e a criar diferentes interpretações e análises sobre o amor e sobre as relações no geral.

O momento em que comprei este livro foi muito pessoal. Passei por ele na banca de um supermercado, achei a capa bonita e abri numa página ao calhas. O que me marcou foi o facto de a primeira frase que li ter-me transmitido uma mensagem muito direta relacionada com a fase que estava a viver naquele preciso momento.

"Uma das melhores coisas da vida é que ela muda. Nem sempre muda quando queremos ou desejamos, mas muda".

Esta frase foi o suficiente para trazer o livro comigo para casa e não posso dizer que me tenha desiludido, como também não posso dizer que tenha entrado para o grupo dos meus livros preferidos. 

A obra, de capa grossa, é composta por quatro grandes temas que estão divididos por capítulos. Há capítulos com com mais humor, outros mais profundos. Há também aqueles com que me identifiquei bastante e outros que achei que demasiado estereotipados.

 

Confiar naquilo que sentimos não é só um exercício de coragem, também é um voto de confiança, tanto em nós, como nos outros. Quando não acreditamos na nossa força e nas nossas capacidades, não conseguimos acreditar em nada, porque a nossa realidade começa e acaba em nós

 

Confesso até que houve uma fase em que tive de parar de ler porque já estava a enjoar o tema.

Mas não desisti. Regressei à leitura, algum tempo depois, e terminei coom a opinião inicial: este é aquele livro que em alguns momentos pensamos "é mesmo isto" ou "pensava que isto estava só na minha cabeça, afinal acontece a mais pessoas".

E isto, em determinados momentos da nossa vida, é um verdadeiro consolo e até uma ajuda.

Desde frases inspiradoras ao mais comum dos clichés, este livro dá-nos momentos divertidos - sim, dei por mim a rir a ler determinadas passagens - mas também nos dá momentos de maior reflexão e (tentativa de) autoconhecimento. 

 

📖

☝️ Pontos Positivosleitura leve

👇 Pontos Negativos: a extensão do livro

⭐ Avaliação: 3 estrelas

 

Halloween 2020 | Livros de Arrepiar - Billboard 1

Chega hoje às livrarias 'Insubmissos' de Richard Zimler

Book Stories, 29.10.20

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Publicado originalmente em 1996, e inédito até agora em Portugal, Insubmissos é um livro vívido e intimista, que ousa falar de temas como a homossexualidade e a sida.

Escrito durante o difícil luto pelo irmão, vítima de sida em 1989, Insubmissos reflete a vivência de Richard Zimler num cenário de uma outra pandemia, tão angustiante como a atual, pois também ela envolta num ambiente de ignorância, preconceito e medo do desconhecido. 

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"Pareceu-me natural escrever sobre as minhas experiências com ele, e sobre a forma como a pandemia da sida lançara uma negra sombra sobre a vida na área da Baía de São Francisco nos anos 80 do século passado, quando eu vivia em Berkeley com o meu futuro marido", diz-nos o autor no prefácio.

Editado no Reino Unido e nos EUA em 1996 – pouco após o lançamento em Portugal de O Último Cabalista de Lisboa, a estreia literária que se revelaria um bestseller –, Insubmissos é a história de três viajantes vulneráveis e com os nervos à flor da pele buscando apaziguar a alma através das tentações do corpo. Na época, o autor temeu que Portugal ainda não estivesse preparado para discutir de forma séria e aberta o tema da homossexualidade, pelo que a edição portuguesa foi sendo adiada em detrimento de mais de uma dezena de romances para adultos e de meia dúzia de livros infantojuvenis. Hoje, é finalmente tempo de apreciar este relato corajoso e honesto.

Sobre o livro

Depois da morte de muitos dos seus amigos, um professor de guitarra clássica, mundano, judeu e antiga estrela da equipa de basquetebol de Greenwich Village, decide abandonar os Estados Unidos e procurar uma nova vida em Portugal. Mas aquilo a que ele chama o eclipse viral da sexualidade persegue-o até ali, quando António, o seu mais talentoso aluno, testa positivo para VIH e ameaça desistir da vida aos vinte e quatro anos. ¬Desesperado por mostrar ao jovem que ele ainda tem um futuro pela frente, «o Professor» organiza uma viagem de carro com destino a Paris, esperando ser capaz de convencer um virtuoso a aceitá-lo como aluno. O pai de António, um homem rígido e presença distante na sua vida, decide acompanhá-los e, de passagem, os três mergulham num triângulo de aventuras, violência e revelações pessoais. Será que de caminho vão encontrar uma oportunidade de redenção?

Conhecem 'O Pedaço que Falta Encontra o Grande O'?

Book Stories, 28.10.20

Já se encontra disponível para compra, nas livrarias portuguesas, a obra 'O Pedaço que Falta Encontra o Grande O', de Shel Silverstein.

Este livro, que promete ao leitor uma poética e tocante viagem, é a continuação de 'O Pedação que Falta', um livro que se centra na identidade e nas interrogações do 'eu', tão próprias do processo de crescimento e amadurecimento. 

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'O Pedaço que Falta Encontra o Grande O' é um livro ideal para todas as idades que encontra na compaixão e na pureza da forma para transmitir uma mensagem profunda e intensa.

Além do texto, também as ilustrações minimalistas são de Shel Silverstein, um autor que me era totalmente desconhecido até ao dia de hoje.

Feito algum trabalho de casa descobri que Shel foi um escritor, poeta, dramaturgo, ilustrador e cantor norte-americano que morreu em 1999.

Os seus livros para crianças foram traduzidos para mais de 30 línguas e em Portugal foram publicados as duas obras já referidas, bem como 'Quem Quer um Rinoceronte Barato?' e 'A Árvore Generosa'.

Shel é considerado um dos autores norte-americanos mais respeitados e adorados até aos dias de hoje.

O livro tem um preço de 13,30€ na Bertrand, mas está em promoção na Wook (11,30€).

Conhecem a obra ou o autor?

Entrevista ao autor José Manuel Garcia

Book Stories, 26.10.20

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O historiador José Manuel Garcia é o autor do livro 'Fernão de Magalhães, herói, traidor ou mito', uma obra que nos conta como Fernão de Magalhães concebeu o seu plano de ir às Molucas e como isso fez dele o primeiro homem a fazer uma circum-navegação.

Em conversa com o autor - diria melhor uma lição de História - fiquei a image003[7483].jpgconhecer melhor esta figura tão importante da história nacional e tudo o que esteve por detrás desta viagem história.

José Manuel Garcia falou, nesta entrevista, não só de Fernão de Magalhães, mas também do Infante D. Henrique e da forma como Portugal, enquanto povo, encara a sua identidade história.

 

Fernão de Magalhães teve uma relevância histórica comprovada, mas quando na escola se estudam os Descobrimentos, ao seu nome não é dada uma relevância como a que é atribuída a Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral. Porquê?

Tal realidade deriva do facto de se quererem valorizar mais os descobrimentos do caminho para a Índia e do Brasil realizados respetivamente por Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral porque foram feitos ao serviço de Portugal e dos seus interesses enquanto Fernão de Magalhães realizou a sua grande viagem de descobrimento ao serviço de Espanha e contra os interesses do rei D. Manuel I. Ainda assim o grande mérito científico deste navegador tem já sido devidamente destacado nas escolas.

O mérito da capacidade de realização de Magalhães ao fazer a sua viagem sempre lhe foi reconhecido em Portugal desde o século XVI, o que só a partir do século XIX sucedeu foi o facto de então ter perdido o cunho de traidor que lhe havia sido dado pelas autoridades no tempo de D. Manuel e de D. João III, bem como da maior parte dos cronistas portugueses. Desde meados do século XIX Magalhães passou mesmo a ser considerado um herói em Portugal devido ao feito que realizara o que passou a ser divulgado.

Já tinha escrito sobre Fernão de Magalhães. O que traz este livro de novo?

Neste livro mostrei definitivamente que ele era natural do Porto; que foi em Lisboa que entre 1516 e 1517 ele concebeu o seu projeto de ir às Molucas por ocidente; que os portugueses que foram na armada de Magalhães foram em número de trinta e quatro, contando com ele; que em 1512 ele foi às Molucas e na sua sequência foi o primeiro homem a ter dado uma volta ao mundo em duas partes, tendo assim mostrado pela primeira vez a Terra tal como ela é.

Qual a revelação mais importante feita nesta obra?

O que mais importante eu revelei foi que a importância simbólica e real da descoberta e ultrapassagem do estreito de Magalhães permitiu ao grande navegador quando logrou passar o extremo sul da América percorrer todo o enorme oceano Pacífico e assim chegar à Ásia conseguindo concluir a primeira circum-navegação feita de forma indireta à volta da Terra. Com efeito ele já havia logrado realizar por oriente a outra metade dessa volta ao Mundo ao ter ido entre 1505 e 1512 de Lisboa até às Molucas do Sul. Foi dessa forma que ele conseguiu experimentalmente perceber como era o nosso globo na realidade e que nele a parte aquática era muito maior que a terrestre. São esses os grandes méritos de Magalhães na História da Humanidade.

Ressalvei ainda a máxima relevância do facto de Magalhães ter sido o maior descobridor de todos os tempos pois teve o grande mérito da conceção e execução da parte mais notável, original e difícil da mais extensa viagem de descobrimento que foi feita na História e ele planeou e chefiou entre 1519 e 1521. Durante a sua realização ele revelou vastíssimas regiões do planeta até aí desconhecidas dos europeus bastando dizer que só à sua conta ele descobriu 20 000 km, isto é, metade da circunferência da esfera terrestre. Com efeito tal é a distância por ele descoberta medida no Equador entre as longitudes de terras a sul do Rio da Prata (34º 52’ S; 56º 10’ O), e a ilha de Cebu (10º 17’ N; 125º 51’ E) nas Filipinas.

Esta realidade resultou, pois, do facto de Magalhães ter descoberto os seguintes espaços: 1 - A parte meridional do continente americano a sul do Rio da Prata.  2 - O estreito de Magalhães, que permitia a navegação entre o oceano Atlântico e o oceano Pacífico.  3 - A parte sul da costa do Chile até cerca de 32º S.  4 - Toda a extensão do oceano Pacífico.  5 - As Filipinas.

Considerando todas as viagens realizadas por Magalhães entre 1505 e 1521 afirmámos que ele foi o primeiro homem a conseguir navegar integralmente todos os oceanos sendo por isso que percecionou experimentalmente o facto de eles banharem os continentes permitindo assim ligá-los entre si por uma via marítima.

 

 

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Afirmou que Fernão de Magalhães fez a circum-navegação por proveito próprio. A verdade é que quando pensamos nos grandes navegadores vemo-los sempre como um estandarte máximo de virtudes. Onde ficam os defeitos dos homens?

Não fosse o desejo de Magalhães se ter querido vingar de D. Manuel, por dele se considerar desonrado visto este não lhe ter aumentado o seu salário nem deixado ir às Molucas por oriente para ir ter com o seu amigo Francisco Serrão, e não teria realizado a viagem que o imortalizou. Foi pois esse sentimento negativo que está por detrás da realização do seu grande feito.

Como descreve a personalidade de Fernão de Magalhães?

Ao caracterizarmos Magalhães numa perspetiva psicológica e de temperamento podemos dizer que era: ambicioso, astuto, audaz, autoritário, combativo, confiante em si mesmo, corajoso, determinado, hábil, irritadiço, justiceiro, lutador, otimista, persistente, perspicaz, resiliente, tenaz, valente, vingativo e voluntarista.

Era também especialista em várias ciências.

Sim, Magalhães era especialista em Náutica, Astronomia, Geografia, Cartografia, Meteorologia e Matemática; curioso em conhecer novas terras e novas gentes; solidário com amigos e subordinados; duro com rivais e opositores; de opiniões firmes e frontais; sem medo; com espírito crítico; intransigente na defesa das suas opiniões, mas por vezes conciliador; interessado por economia e empenhado na obtenção de lucros com empréstimos e negócios de especiarias; resistente à fome, à sede e à doença; sedento de honrarias e muito cioso de pontos de honra; muito religioso e proselitista da fé católica; respeitador dos nativos que encontrou, a não ser em situações extremas; fiel aos senhores que nele confiavam; calculista, mas também por vezes ingénuo e com excesso de confiança.

Fernão de Magalhães foi um Herói, um traidor dos interesses portugueses ou é tudo um mito?

Fernão de Magalhães é tudo isso, pois foi inegavelmente um grande herói ao ter conseguido realizar a viagem de descobrimento mais longa e difícil de todos os tempos e de ter descoberto metade da Terra. Contudo, não deixou de ser traidor ao seu rei “natural”, D. Manuel, porque foi contra os seus interesses, embora não lhe fosse proibido servir um rei estrangeiro, desde que não prejudicasse os interesses de Portugal. Finalmente Magalhães tornou-se um verdeiro mito por ter sido o primeiro homem a ter dado uma volta à Terra permitindo assim conhecer como ela era na realidade. Ele transformou-se assim no mito do primeiro homem a iniciar a globalização.

Considera importante que os heróis sejam conhecidos também pela sua humanidade e características próprias de um ser humano que comete erros?

Sem dúvida, porque Magalhães era um homem de carne e osso e, como tal, tinha as qualidades e os defeitos que todos nós temos, cada um à sua maneira.

Se tivesse de eleger uma personalidade como o grande e maior nome dos Descobrimentos Portugueses quem seria?

O Infante D. Henrique, porque foi o iniciador do processo dos Descobrimentos. Foi graças a essa personalidade que se começou o mais difícil, que foi começar, pois até ao seu tempo ninguém tivera, nem quisera, avançar com a iniciativa de mandar descobrir terras desconhecidas ou por medo ou por não ver vantagens nessa realização.

Porque é que o rei português menosprezou Fernão de Magalhães? Não acreditou no potencial da viagem ou achou que o que Portugal já tinha descoberto era suficiente e não valia a pena uma investida neste sentido? Ou foi tudo uma questão de política com Espanha?

Na história de Magalhães há algumas confusões que é necessário desfazer. Começamos por afirmar ser  errada a afirmação de que ele teria apresentado a D. Manuel a sua pretensão de querer fazer uma viagem às Molucas por ocidente, ou mesmo a de querer dar uma volta ao mundo, e que teria sido por este rei se ter recusado a aprovar essas suas intenções e pretensões que ele foi apresentar a sua proposta a Carlos V, que a aceitou. Tais noções são falsas pois resultam apenas de uma atitude em que se copiou a situação ocorrida em 1483 com o genovês Cristóvão Colombo, quando neste ano ele pediu apoio a D. João II para realizar o seu projeto de ir à Ásia por ocidente, o qual lhe foi de facto recusado em Portugal.

Em 1516-1517, Magalhães nunca se poderia ter colocado numa posição idêntica à de Colombo, pois o seu plano era pura e simplesmente contrário à política dos portugueses, os quais queriam dominar o comércio de todas as riquezas da Ásia apenas pela rota oriental do cabo da Boa Esperança, que era aquela que lhes era consentida pelo clausulado do Tratado de Tordesilhas e seguiam desde que Vasco da Gama a abrira entre 1497 e 1499.

Há ainda que evidenciar o facto de não ser possível a Portugal permitir a realização das ideias que Magalhães concebeu em 1516-1517, pois a viagem que ele se propunha fazer consistia em rumar para sul e ocidente do Brasil e de seguida passar apenas por áreas da exclusiva navegação de Castela, tal como ficara definido pelo Tratado de Tordesilhas. Assim sendo, estava evidentemente proibida a D. Manuel qualquer possibilidade de deixar portugueses fazerem viagens por vias ocidentais para irem ao Oriente ultrapassando a linha de demarcação entre domínios de Portugal e Castela e entrar nos deste reino que se situavam para ocidente de 47º 28’ O.

 

 

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Qual era o grande objetivo de Fernão de Magalhães?

Na história de Magalhães é essencial assumir claramente a noção de que ele nunca quis fazer ou sequer pensou fazer uma viagem à volta ao mundo de forma direta e ininterrupta, além de que obviamente nunca a fez, pois foi morto nas Filipinas em 1521. Há por isso que explicar que Magalhães, ao ter concebido e iniciado entre 1516 e 1519 a sua grande viagem para ocidente, tinha apenas finalidades económicas e políticas que passavam por pretender chegar às Molucas do Norte e aí provar que, devido à sua longitude, tal como ele então a calculava, pertenciam a Castela. Dessa forma ele iria assegurar a sua posse a este reino, entregando-lhe os respetivos e tão cobiçados lucros inerentes ao comércio das especiarias que aí se fazia.

Não foi então objetivo fazer uma contínua circum-navegação.

Não tem qualquer fundamento a noção muito generalizada de atribuir a Magalhães a conceção de ter planeado e desejado realizar de forma contínua uma primeira circum-navegação da Terra.

O navegador português acreditava na existência de uma passagem no sul da América que viabilizasse uma rota mais vantajosa e proveitosa de chegar à Ásia por ocidente, do que a rota oriental seguida até então pelos portugueses pelo cabo da Boa Esperança, a qual era uma via muito difícil e morosa. Ele queria assim retomar em novos moldes e concretizar o projeto de Cristóvão Colombo, com fundamentos científicos mais precisos.

A reforçar e provar esta realidade óbvia há que sublinhar ter Magalhães recebido reiteradamente ordens terminantes de Carlos I a interditar à sua armada a possibilidade de entrar no hemisfério oriental sob o domínio exclusivista de D. Manuel. Por tal motivo ele não deveria desobedecer a essas ordens e vir por águas portuguesas do Índico para assim dar uma volta ao mundo de seguida.

Magalhães só poderia e deveria ir à região das Molucas por Carlos V o autorizar a fazê-lo na medida em que ficara persuadido dos argumentos que ele lhe apresentara sobre estarem tais ilhas na sua parte do mundo.

É absolutamente seguro afirmar que Magalhães queria e devia fazer uma viagem de ida e volta pelo oceano Pacífico sem nunca passar pelo oceano Índico, pelo que nunca poderia querer dar uma volta à Terra feita de seguida e de forma direta.

O que correu mal (e bem) com a viagem?

O que correu pior foi o facto de Magalhães não ter suposto que fosse tão difícil descobrir o estreito que levaria o seu nome, sendo obrigado a invernar largos meses na Argentina e o facto de não ter encontrado ilhas que lhe pudessem servir de escalas de apoio e recolha de alimentos durante a sua travessia do Pacifico.

O que lhe correu melhor foi o facto de ter conseguido chegar à Ásia por ocidente como ele queria fazer.

Portugal, enquanto povo, dá o valor devido ao seu passado histórico?

Dá valor, mas devia dar muito mais, pois considero que Portugal é a sua História.  E assim é porque sendo Portugal o fruto da sua História só por ela se compreende.

O nosso país constitui uma identidade feita de História que resulta das ações daqueles que habitaram o seu território ao longo dos últimos nove séculos e, por isso, é necessário manter viva a memória do que foi uma tão longa duração, o que leva à imprescindível necessidade de conhecermos a História de Portugal.

A História é a guardiã de uma memória identitária e, por isso, uma mais-valia cultural inegável e inigualável que devemos acarinhar e enobrecer como um bem cultural valioso.

Há assim que promover mais a História de Portugal de todas as formas possíveis.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Livro na mão ou letras num ecrã?

Book Stories, 21.10.20

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📸Perfecto_Capucine por Pixabay

 

Quando começaram a surgir os e-books muito se disse sobre o inevitável e gradual desaparecimento dos livros físicos. Muitos foram os que acreditaram que a revolução tecnológica iria ser, automaticamente, acompanhada por uma revolta cultural e de hábitos.

Mas será que foi assim?

Claramente que não. Poucas são as pessoas que conheço que preferem ler em formato digital e, destas, a maioria confessou-me que só o faz por uma questão financeira, pois os e-books são mais baratos do que os livros físicos.

Eu, pessoalmente, não gosto nada de ler em formato digital. Primeiro, cansa-me a vista e, depois, tira a magia à leitura – não sentimos o peso do livro na mão, não temos noção exata do número de páginas, não sentimos o cheiro a folhas impressas e não podemos colecionar orgulhosamente (como é o meu caso) todos os livros que lemos numa (em muitas na verdade) prateleira.

Ler a versão física tem ainda a vantagem que não ficamos dependentes de o aparelho que nos permite a leitura ter bateria ou não. E vamos ser honestos: quem é que irá partir o vidro de um carro para roubar um simples livro?

Porém, e corrijam-me os que preferem os e-books, se deixarmos o aparelho eletrónico à vista no carro é mais de meio caminho andado para um vidro partido e consequente assalto.

Além de que se o deixarmos cair é, pelo menos, um ecrã partido na certa.

 

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Os e-books também têm vantagens, claro. E eu, que nunca li neste formato digital, acredito que o maior (e único, na minha opinião) é o preço. Ainda assim, podemos contornar esta questão aproveitando as promoções que as editoras e distribuidoras de livros fazem, bem como as Feiras do Livro e outras feirinhas locais nas quais é possível comprar livros físicos a preços bastante reduzidos (e aqui falo por experiência própria).

Os dados mais recentes revelam que em 2018 foram comprados 11,7 milhões de livros em Portugal, o que, à primeira vista, pode parecer muito. Mas se pararmos para pensar que somos mais de 10 milhões de cidadãos a viver em território nacional, então percebemos que os hábitos de leitura ainda estão longe do desejável.

Os referidos dados mostram, assim, que em média, cada português compra pouco mais de um livro por ano e que apenas 40% leem, pelo menos, um livro em 12 meses.

Isto significa que algo tem de mudar para que sejam criados hábitos de leitura desde muito cedo e penso que é aqui que os e-books poderão ter um papel importante que lhes permita, também, crescer – a venda de livros digitais representa apenas 1% do mercado português.

Todos sabemos que a geração mais nova usa o formato tecnológico para tudo. Às vezes tenho a sensação que se lhes tirarmos o telemóvel até deixam de saber como é que se chamam!!! Aproveitando esta dependência, o mercado e até as escolas deveriam organizar-se no sentido de incutir o gosto pela leitura em todos os estudantes, uma responsabilidade, claro, que também é das famílias – e se ao invés de todos os anos no Natal oferecerem um jogo para a Playstation optarem por oferecer um e-book?

Isto é apenas uma reflexão minha com a qual muitos de vós não concordarão ou se calhar até sim!

Eu acredito que o importante é ler: ler muito, ler diferentes géneros e diferentes autores. O importante é cultivarmos a mente (e a alma).

Se o fazemos da forma tradicional ou optamos pela forma tecnológica é indiferente. Acredito que há espaço no mercado para as duas versões.

Por mim, continuarei a comprar livros físicos, porque o meu sonho é ter uma biblioteca particular!

'A Coragem de Cilka': Depois dos nazis, os russos e ainda os erros históricos

Book Stories, 18.10.20

Laranja Ilustrado halloween Post Facebook.jpg📸Peter Tóth por Pixabay 

‘A Coragem de Cilka’, escrita por Heather Morris, foi publicado pela Editorial Presença em 2020.

 

Sinopse:

Em 1942, com apenas 16 anos, Cilka Klein é levada para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. O comandante do campo, Johann Schwarzhuber, sente-se de imediato atraído pela beleza dos seus longos cabelos e decide separá-la das outras prisioneiras. Cilka depressa aprende que o poder pode ditar a sobrevivência.

Após a libertação, Cilka acaba por ser condenada pelos russos por ter colaborado com os nazis e é enviada para Vorkuta, um desolado e horrendo campo de trabalhos forçados na Sibéria, no Círculo Polar Ártico. Inocente, mas de novo prisioneira, Cilka enfrenta novos desafios, igualmente aterradores, numa batalha diária pela sobrevivência. Trava amizade com uma médica de Vorkuta e aprende a cuidar dos prisioneiros doentes esforçando-se para tratar deles, sob condições inimagináveis. Mas é ao cuidar de um homem chamado Aleksandr que Cilka descobre que, apesar de tudo, ainda há espaço no seu coração para o amor.

Baseado em factos conhecidos sobre o período em que Cilka Klein esteve detida em Auschwitz e nos testemunhos de prisioneiras nos campos de trabalhos forçados na Sibéria, A Coragem de Cilka é a continuação da narrativa do bestseller internacional O Tatuador de Auschwitz. É uma obra de cortar o fôlego, uma poderosa homenagem ao triunfo da resiliência, um romance que nos leva às lágrimas. Mas é também uma história que nos deixa estarrecidos e encorajados pela feroz determinação de uma mulher que, contra todas as probabilidades, sobreviveu.

 

Opinião:

Este livro é uma continuação de ‘O Tatuador de Auschwitz’ (cuja review podem ler aqui), mas tendo como personagem principal a jovem Cilka, a melhor amiga de Gita, a mulher de Lale (o tatuador).

Logo nas primeiras páginas percebemos que depois de ser prisioneira em Auschwitz, onde foi violada continuamente por dois oficiais nazis, Cilka foi levada pelo exército russo como prisioneira para os campos de trabalho forçados (goulags) na Sibéria.

 

O seu crime? Ter “dormido com o inimigo”

 

Isto logo me fez pensar na História. O holocausto é responsabilidade única do regime nazi, isso é um facto indesmentível. No entanto, o regime estalinista também matou milhões pessoas nos seus campos de trabalho forçados, mas poucos são os que veem o regime comunista dessa forma. O que é uma pena e, acima de tudo, um encapotar de responsabilidades históricas, uma vez que continuam a existir partidos comunistas.

Politiquices à parte, neste livro a autora conta-nos oito anos da vida de Cilka passados em Vorkut, para onde foi enviada após a libertação dos campos de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Ao longo do livro, Cilka foi-me impressionando por várias vezes, dada a sua força de viver, a sua vontade de continuar viva e, acima de tudo, a sua necessidade de ajudar as pessoas que a rodeavam. Muitas vezes dei comigo a pensar que eu teria desistido de viver ainda em Auschwitz.

Um dos momentos que mais me marcou no livro foi quando Cilka teve a oportunidade de sair em liberdade, deixando Vorkut para trás, e, no entanto...

[SPOILER ALERT]

...deu o seu lugar a uma amiga para que esta deixasse o goulag com a sua bebé de dois anos.

Quem, em que mundo, seria capaz de tal atitude altruísta?

Tal como aconteceu com ‘O Tatuador de Auschwitz’, Heather Morris é um pouco trapalhona na descrição dos acontecimentos. O estilo deste livro mantém-se igual ao anterior e, portanto, as críticas também se mantêm.

 

Polémica

Heather Morris e a produção dos seus dois livros está envolta em várias polémicas que se prendem com a autenticidade dos factos que relata.

A família da sobrevivente do Holocausto, na qual a autora se baseou para contar a história de Gita, acusa-a - e ameaça agir judicialmente - de manchar o nome de Cecilia Kovachova com “mentiras devastadoras e ofensivas” com propósitos comerciais.

Aliás, o enteado de Cecilia Kovachova garante que a madrasta nunca foi uma escrava sexual e que “não fez nenhuma das coisas que foram escritas por Morris".

A instituição Memorial do Holocausto desaconselhou, inclusivamente, a leitura de 'O Tatuador de Auschwitz' por este conter demasiados erros históricos que em nada contribuem, e apenas afastam, as pessoas da realidade do que foram os campos de extermínio nazis.

Posto isto, confesso que a minha avaliação acaba por ser também um pouco influenciada por esta questão. No entanto, acredito que para quem estas questões não são um problema e que, ou quer apenas ler uma boa história ou está a iniciar a sua compreensão do mundo dos campos de concentração estes livros podem servir de um pequeno incentivo, pois a realidade do que lá se passou é bem mais dura e cruel do que Heather Morris retrata.

 

📖

☝️ Pontos Positivosfoi a primeira vez que li a história de alguém que saiu dos campos nazis diretamente para os russos – e a verdade é que a diferença não era assim tão grande (só as câmaras de gás).

👇 Pontos Negativos: A pobreza da escrita e a polémica com a família de Cecilia Kovachova

⭐ Avaliação: 3 estrelas 

 

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Entrevista a Krzysztof Charamsa: padre, gay, homem!

Book Stories, 14.10.20

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Hoje trago-vos uma entrevista que fiz há uns três anos (quando era jornalista) e não escolhi publicá-la só para aumentar o número de conteúdos.

Decidi trazê-la até vós (numa versão bem mais pequena) porque acredito que é um tema que ainda é tabu na sociedade e eu defendo que é preciso desmistificar esta questão. 

Acredito que não se deve fingir que os problemas não existem, porque eles assim nunca serão resolvidos. É preciso encará-los, discuti-los e encontrar-lhes soluções. E a questão da homossexualidade e da pedofilia na Igreja são dois desses temas que ninguém quer falar, mas que é preciso discutir, é preciso trazer a lume e perceber de que forma se pode aceitar o primeiro e evitar o segundo.

Concordam?

Sobre o Krzystof é das pessoas mais adoráveis que eu já conheci e apesar de tudo o que a Igreja (instituição) lhe fez e a forma como o tratou, ele continua a acreditar em Deus e no sacerdócio e isso é muito bonito. Por isso, decidi partilhar este trecho da entrevista convosco e espero que gostem e que vos faça pensar nestas questões.

 

Depois de assumir publicamente a sua homossexualidade algum padre falou consigo?

Os amigos verdadeiros falavam, mas às escondidas, porque quem é rejeitado pela Igreja não pode estar próximo de outros padres. O castigo é o isolamento que serve de lição para os outros padres verem o que lhes acontecerá se ousarem ir contra as regras. Isto não acontece em todas as partes da Igreja, mas no geral é assim.

O Krzystof foi o único a levantar a voz pelo menos de forma tão pública

Entendi que tinha o dever moral de o fazer. Trabalhei 12 anos para a Congregação da Doutrina da Fé, para a Inquisição, que é o coração da homofobia e da propaganda antigay da Igreja. Era meu dever moral, enquanto inquisidor, sair do armário e dizer que sou gay e que agi contra mim porque a Igreja não promove uma reflexão séria e intelectual sobre a homossexualidade. Há milhões de homossexuais em todo o mundo que a Igreja faz sofrer com a sua posição irracional e paranoica.

 

Querem condenar-me, condenem-me. Eu saí do armário para dizer 'basta, não posso mais'

 

E porquê sair do armário com uma conferência de imprensa e com o seu namorado ao seu lado?

Saí do armário publicamente porque a minha posição dentro da Igreja exigia uma publicidade deste tipo e porque o ato de sair do armário às escondidas não é são psicologicamente, porque a pessoa continua a fugir de si mesma. Um gay deve libertar-se com ruído porque o silêncio ao qual foi reduzido é imoral e este silêncio deve ser destruído porque destruiu a sua personalidade.

Por que razão a sexualidade é um tabu tão grande para a Igreja?

Por efeito da ignorância da própria Igreja. Eu estava numa congregação onde ninguém, jamais, leu um livro sobre a sexualidade e, no entanto, quem lá está é especialista no sexo dos outros. Quando há um teólogo que estuda a sexualidade de acordo com a ciência de hoje começamos a persegui-lo, porque a ciência contradiz as nossas doutrinas.

Por exemplo, sobre o sexo entre jovens antes do casamento a Igreja diz que é um egoísmo, uma busca de prazer, mas na verdade é um sentimento puro em que os jovens procuram intimidade num momento de amor, não procuram só ser máquinas do sexo como a Igreja faz parecer.

Acredita que o fim do celibato obrigatório poderia colocar um ponto final nos casos de pedofilia cometidos na Igreja?

O fim do celibato obrigatório chegará porque não tem sentido e provoca mais mal do que bem às pessoas. A mim parece-me que há uma ligação entre celibato e pedofilia, entre o complexo de sexualidade vivido em celibato e o refúgio no ato de dominar alguém inferior – um menino, um adolescente – sobre o qual se tem autoridade. Mas isto é a minha intuição, não é algo que esteja estudado.

 

 

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Acredita que o Papa Francisco poderá mudar a Igreja?

Francisco muda a atitude das pessoas e começa a mudar mentalidades, mas não é suficiente. Deve começar, isso sim, a mudar a formação da Igreja, as pessoas que estão lá dentro. Atualmente, a relação entre o clero e os fiéis não é de irmãos. Os padres devem ser o primeiro exemplo de humildade e não de domínio e esta é a mensagem que Francisco começa a passar e, por isso, começa a causar muito incómodo no clero.

Hoje, sabendo o que sabe, teria tomado novamente a decisão de ser padre?

Acho que se fosse hoje exigiria à minha Igreja que resolvesse a sua paranoia com a homossexualidade. Mas eu toda a vida quis ser padre, mesmo sendo gay. E acho que sou um bom padre, trabalhei bem no meu ministério. E vejo sentido no meu sacerdócio. Foi um caminho que fiz, um caminho no qual Deus me colocou para me opor à desumanidade da Igreja.

Então o que diz aos jovens que são homossexuais e que querem ser padres?

Digo-lhes que leiam tudo o que a Igreja ensina sobre a homossexualidade que, basicamente, são ofensas irracionais, como o facto de não sermos capazes de nos adequarmos à vida social. E lembro-lhes que isto lhes toca a eles. Digo-lhes que devem pensar muito bem, porque não podem ir para uma instituição que os obriga a pensar neles próprios de uma forma tão asquerosa.

Sente falta da Igreja?

Há coisas das quais sinto falta como pregar, celebrar missas… mas a Igreja não me faz falta, eu estou na Igreja porque sou batizado. Podem dizer que sou um padre no exílio, mas eu estou na Igreja.

Como foi o regresso à Polónia depois da saída do armário?

Tive a sorte de ter encontros bonitos, também houve outros menos bons com as pessoas a apontarem para mim e para o Eduard e a sussurrarem, mas o balanço é positivo.

Depois de toda a provação pode dizer que é feliz?

Não se vê? [risos]. Sou feliz, sou muito feliz. Entendi a minha vocação como o trabalhar para que as pessoas sejam felizes e não como o dominar o outro. Quando és feliz queres fazer algo para que os outros possam ser contagiados pela tua felicidade e possam encontrar o sentido da vida e é isso que Deus quer. A santidade é a felicidade, a coragem de tomar decisões de acordo com a tua consciência. Não é por acaso que beato significa feliz. Beatificação é dizer que a pessoa está feliz no céu, mas antes de ser feliz no céu devemos ser felizes aqui, na Terra. Não podemos ser hipócritas e fariseus porque isto não é felicidade.

 

 

Livros para devorar 2020 - Large Billboard

Eis as novidades literárias deste mês de outubro

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📸 Pexels por Pixabay

 

Este post já vem com uns dias de atraso, mas o trabalho não me permitiu escrevê-lo mais cedo. Ainda assim, creio que é um atraso passível de ser perdoado 😅

Bom, o meu objetivo é simplificar-vos a vida e reunir numa única publicação as novidades que as editoras vão lançar este mês de outubro!

Abaixo encontrarão o nome dos novos livros e dos respetivos autores, bem como editoras!

Boas leituras a todos!

 

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'Outras inquirições' de Jorge Luís Borges

Editado pela Quetzal

Preço: 16.60€

Mais sobre o livro

 

 

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'A Caixa de Correio de Nossa Senhora' de António Marujo

Editado pela Temas e Debates

Preço: 16,60 €

Mais sobre o livro

 

 

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'Uma Adolescente à beira de um ataque de nervos' de Mafalda Creative

Editado pela Manuscrito

Preço: 12,51 €

Mais sobre o livro

 

 

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'Signos' de Isabel Guimarães

Editado pela Manuscrito

Preço: 12,51€

Mais sobre o livro

 

 

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'Avé-Marias' de Hernâni Carvalho

Editado pela Contraponto

Preço: 16,60 €

Mais sobre o livro

 

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'O Avesso do Direto' de Teresa Guilherme

Editado pela Contraponto

Preço: 15,50 €

Mais sobre o livro

 

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'Diccionario da Linguagem das Flores' de António Lobo Antunes

Editado pela D. Quixote

Preço: 20,90 € ou 18,81€ (promoção pré-venda na FNAC)

Mais sobre o livro

 

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'Um tempo a fingir' de João Pinto Coelho

Editado pela D. Quixote

Preço: 17,70 €

Mais sobre o livro

 

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'O Magriço' de Tiago Salazar

Editado pela Oficina do Livro

Preço: 13,41€

Mais sobre o livro

 

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'O Professor de Desejo' de Philip Roth

Editado pela D. Quixote

Preço: 17,90€

Mais sobre o livro

 

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'José e os seus irmãos III - José no Egito'

Editado pela D. Quixote

Preço: 27,70€

Mais sobre o livro

 

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'Crianças Perdidas' de Catherine Bailey

Editado pela ASA

Preço: 21,90€

Mais sobre o livro

 

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'O Sabotador de Auschwitz' de Colin Rushton

Editado pela Oficina do Livro

Preço: 15,90€

Mais sobre o livro

 

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'Não estávamos à espera disto' de João V. Ribeiro

E-book da Escrytos

Preço: 8,99€

Mais sobre o livro

 

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'O Dragão Renascido' de Robert Jordan (terceiro volume da série 'A Roda do Tempo')

Editado pela Bertrand

Preço: 22,20€

Mais sobre o livro

‘A Morte do Papa’: O Papa morreu, mas o interesse em Nepomuceno renasceu

Book Stories, 06.10.20

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Da autoria de Nuno Nepomuceno – autor de ‘Célula Adormecida’, ‘Pecados Santos’ e ‘A Última Ceia’ – ‘A Morte do Papa’ foi publicada em Janeiro deste ano pela Cultura Editora.

 

Sinopse:

Uma freira e dois cardeais encontram o corpo sem vida do Papa sentado na cama, com as mangas da roupa destruídas, os óculos no rosto e um livro nas mãos. O mundo reage com choque, sobretudo, quando Pedro, um delator em parte incerta, regressa à ribalta e contraria a versão oficial. Porém, tudo muda quando imagens de um escritor famoso vêm à tona, colocando-o na cena do crime.

Enquanto as dúvidas se instalam, um jornalista dedica-se à investigação do desaparecimento de uma adolescente. Mas eis que um recado é deixado na redação da Radio Vaticana. Com a ajuda de um professor universitário e da sua intrépida esposa, os três lançam-se numa demanda chocante pela verdade. O corpo da jovem está no local para onde aponta o anjo.

Pleno de reviravoltas e volte-faces surpreendentes, intimista e apaixonante, inspirado em factos reais, A Morte do Papa conduz-nos até um dos maiores mistérios da história da Igreja Católica, a morte de João Paulo I. Tendo como base os cenários únicos da Cidade do Vaticano, este é um thriller religioso arrebatador, de leitura compulsiva, e igualmente uma incursão perturbadora num mundo onde a ambição humana desafia o poder de Deus.

 

 

 

Opinião:

Como já sabem pelas anteriores reviews adorei ‘Pecados Santos’, mas ‘A Última Ceia’ ficou aquém do que eu esperava.

Iniciei ‘A Morte do Papa’ a medo, pois tinha receio de me desencantar de vez com o autor, o que seria uma verdadeira pena, uma vez que gosto muito do professor Catalão e não queria nada ter de deixar de acompanhar as suas aventuras.

Para meu deleite não foi isso que aconteceu, pese embora não tenha ultrapassado, no meu entender, o ‘Pecados Santos’.

Quando o Papa morre acontece uma série de situações que lançam suspeitas para diversas personagens. Os dados estão lançados e agora é esperar que os acontecimentos levem ao culpado.

Ao mesmo tempo é-nos apresentada a história da Gabriela que todos julgam ter morrido há 15 anos.

A ideia é muito interessante: duas histórias paralelas a decorrer em simultâneo tendo o mesmo local, o Vaticano, como pano de fundo e dois jornalistas – um deles a mulher do professor Catalão – a investigar ambos os casos.

Novamente, a mesma crítica: demasiadas personagens. O prostituto não precisava de ter capítulos próprios. Bastava o narrador contar como é que ele tinha chegado a Roma, o que fazia e como o fazia. Em certa medida eu compreendo o porquê (não posso explicar para não fazer spoiler), mas a verdade é que atrapalha um pouco a leitura.

Achei interessante o facto de a Diana ter tido mais destaque neste livro do que o próprio Afonso, mas ainda assim preferia ter páginas e páginas sobre o professor Catalão (preferências).

Já a forma como termina a conversa entre ele e o seu contacto nos serviços secretos deixou-me curiosa para saber o que aí vem (espero que venham mais livros com o Afonso).

📖

☝️ Pontos PositivosColocar o dedo na ferida de alguns podres do Vaticano, como a prostituição, a avareza, os interesses, as mortes suspeitas, o pouco amor a Deus e ao próximo

👇 Pontos Negativos: Capítulos desnecessários

⭐ Avaliação: 4 estrelas

 

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Quando o cinema e a literatura dão as mãos. Bom ou mau?

Book Stories, 01.10.20

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📸 Bokskapet por Pixabay

 

Um dos temas que mais se discute nos círculos literários é a relação entre a literatura e o cinema. Por outras palavras, estamos a falar das adaptações de livros para o cinema.

As opiniões não são unânimes.

Eu, por exemplo, não tenho o hábito de ver um filme baseado num livro que já tenha lido. Creio mesmo que a única exceção a esta pseudo-regra minha foi o filme de João Botelho, ‘Os Maias’ (e claro, a saga ‘Twilight’).

Como nunca fui fã de ‘Harry Potter’ ou de ‘O Senhor dos Anéis’ vi os filmes sem ter, posteriormente, querido ler os livros. Mas não foram os únicos.

Por exemplo gosto imenso do filme ‘O Diário da Nossa Paixão’ (oh Ryan Gosling!!!) e, no entanto, não sinto qualquer curiosidade em ler o livro. O facto de já saber a história fez-me ter um sentimento de tempo perdido, no sentido em que podia estar a ler algo novo e estou a ler uma história que eu já conheço.

Com ‘Os Maias’ de João Botelho a minha curiosidade foi mesmo no sentido de perceber de que forma o realizador ia dar vida cinematográfica ao meu livro preferido. Não adorei, nem detestei, mas não é um filme que vá rever!

Para escrever este texto falei com algumas pessoas e foi surpreendente (e até divertido) perceber como as opiniões divergem tanto.

 

 

+ Conhecimento: Universitários e Profissionais 2020 - Billboard2

 

Houve quem me dissesse que não tem um especial interesse nas adaptações para cinema porque em geral “são muito fracas”, pois “já não se procuram boas histórias, mas sim livros que, ao serem adaptados, vão agradar a um nicho específico de mercado” e atingir o sucesso comercial.

E eu tendo a concordar. Aliás, na minha opinião, ‘As Cinquenta Sombras de Grey’ e a saga ‘Twilight’ (que vi e li) são um exemplo disso mesmo. Não estou, com isto, a criticar quem gostou dos livros e dos filmes, mas a verdade é que espelha bem a relação interesseira (promíscua?) que o cinema – salvo outras exceções – tem para com a literatura.

E será que não podemos dizer também que existe essa mesma relação no sentido contrário? Eu acho que sim, até porque muitos livros são vendidos com as capas dos filmes!

Houve também quem me dissesse que o sucesso de uma adaptação depende muito do realizador e da sua capacidade de captar a essência do livro para a colocar no grande ecrã, até porque, das principais críticas que se faz aos filmes baseados em livros é a perda dessa mesma essência e dos pormenores que enriquecem a leitura e que alimentam os sentidos dos leitores.

Mas ao contrário de mim – que raras vezes leio o livro depois de ver o filme – há quem opte por ler o livro depois de ir ao cinema exatamente para enriquecer a sua perceção da história pois, como referi acima, o cinema não consegue ser tão rico em detalhes como a literatura.

 

Um livro resulta de um trabalho individual e um filme de trabalho de equipa

 

O tema tem sido discutido por profissionais da área. Por exemplo, o professor da Faculdade de Letras de Lisboa, Mário Jorge Torres, sublinha (num artigo do Público) que “adaptar significa perder e ganhar uma série de coisas”.

Já João de Mancelos, professor de guionismo da Universidade da Beira Interior, defende que não deve comparar dois meios tão diferentes como são a literatura e o cinema: “um livro resulta de um trabalho individual e um filme de um trabalho de equipa e a própria linguagem literária é diferente da linguagem cinematográfica”.

Expostos os vários pontos de vista parece-me que a maior vantagem existente nesta ligação próxima entre o cinema e a literatura é a complementaridade. O filme pode despertar a curiosidade em determinada pessoa que, posteriormente vai ler o livro no qual a longa-metragem se baseou. Ou então não o lê, mas ficará atento ao autor e poderá, eventualmente, ler outras obras.

Mas uma coisa é certa: o espaço de promoção e de divulgação que é dado ao cinema é enormemente maior, o que é bom para os livros nos quais os filmes se baseiam, na medida em que usufruem também dessa publicidade a que, de outra forma, não teriam acesso.

Seja qual for a opinião, o importante é que se leia e que se vá ao cinema, pois tanto uma arte como outra são merecedoras da nossa atenção, pois os profissionais das duas áreas empenham muito do seu tempo e esforço nas obras que criam e merecem a nossa atenção.

E vocês? Veem mais vantagens ou desvantagens nesta relação entre a literatura e o cinema? Contem-me tudo ;)