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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Livros sobre viagens. Ou como viajar sem sair do sofá

Book Stories, 24.08.20

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📸  DarkWorkX por Pixabay

 

Este ano as férias são um pouco diferentes daquilo a que todos estávamos habituados. Refiro-me, claro, à pandemia!

Por norma, todos os anos viajava para fora do país, em busca de novos lugares, novas culturas, novas formas de estar na vida, novas histórias.

Mas este ano tal não pôde acontecer, o que me levou a pesquisar na internet sobre livros que falassem de viagens. Afinal, ler é levar-nos a viajar por outros países, cidades, culturas, credos e até mundos (no caso dos livros de fantasia ou ficção científica).

Assim, da leitura dos blogues Filho de Mil Histórias e WookAcontece, bem como de um artigo do Sapo Viagens, elegi um top 10 dos livros que me parecem mais interessantes.

Sou obrigada, porém, a confessar que nunca li nenhuma das obras que refiro a seguir e que as escolhi para este top com base nas descrições sobre as mesmas.

 

‘Comboio Fantasma para o Oriente’

Paul Theroux escreveu este livro 30 anos depois de ter escrito ‘O Grande Bazar Ferroviário’, revisitando, assim, os lugares que já havia conhecido pela Ásia. Mas é claro que, 30 anos volvidos, o que encontrou foi um mundo em mudança acelerada.

“A viagem deste livro reconstitui um mapa prodigioso: o da antiga União Soviética, percorrendo a Geórgia ou o Azerbaijão, visitando o escritor e prémio Nobel Orhan Pamuk na Turquia, sobrevivendo ao comboio transiberiano, respirando o pó nas estradas do Paquistão até chegar à índia e, depois, à Tailândia, à Birmânia e ao Laos, antes de cruzar as rotas da China para chegar ao Japão”.

Esta descrição foi o suficiente para me convencer de que terei de ler esta obra.

 

‘Na Patagónia’

Bruce Chatwin sempre foi fascinado pela Patagónia e, no livro homónimo, atravessa toda aquela região “desde Rio Negro até Ushuaia, a cidade no extremo sul, captando o espírito da terra, da sua história e da sua gente, e conferindo-lhe uma expressão poética e intensa”.

Os críticos apontam a “escrita prodigiosa, plena de descrições maravilhosas e histórias intrigantes” como a cereja no topo deste bolo.

 

‘O vento dos Outros’

Vencedora do Prémio Agustina Bessa-Luís com a obra ‘A Casa-Comboio’, Raquel Ochoa criou ‘O Vento dos Outros’ depois de passar meses a viajar pela América Central e do Sul.

A autora conta nesta obra o que viu e sentiu nos meses em que viajou pela Costa Rica, pelo Peru, pelo Chile, pela Argentina e pela Patagónia.

 

 

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‘O Esplendor do Mundo'

Gonçalo Cadilhe, o escritor-viajante português mais conhecido (ou dos mais conhecidos para não ferir suscetibilidades), selecionou os 99 destinos que qualquer pessoa deveria conhecer, ainda que não o queira fazer.

Cada local é apresentado ao leitor através de um texto acompanhado por fotografias tiradas pelo próprio autor. E entre os destinos escolhidos encontram-se os mais turísticos, mas também os mais inóspitos.

“Também há História, pequenos relatos, encontros e, sobretudo, lugares verdadeiramente impressionantes”.

 

'Extremo Ocidental: Uma Viagem de Moto pela Costa Portuguesa, de Caminha a Monte Gordo'

Escritor e repórter freelancer, Paulo Moura é o autor desta obra que conquistou o Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga.

O livro é uma viagem pela costa portuguesa e uma coletânea de momentos e recordações de um verão passado a percorrer os caminhos de Portugal.

 

‘Jalan, Jalan’

Jalan significa rua em indiano. Jalan Jalan significa passear e é disso que trata este livro de Afonso Cruz: um passeio por viagens e culturas.

As experiências são contadas em textos autónomos que, no entanto, se interligam por meio de temas.

 

‘Um Diário Russo’

Este despertou-me logo a atenção, pois passa-se na Rússia pós-Segunda Guerra Mundial, mais precisamente no arranque da Guerra Fria.

John Steinbeck e Robert Capa viajaram juntos pela União Soviética, tendo visitado Moscovo, Estalinegrado, os campos da Ucrânia e do Cáucaso.

O livro, que conta com o texto de Steinbeck e as fotografias de Capa, foi publicado pela primeira vez em 1948

 

‘Istambul: memórias de uma cidade’

Orhan Pamuk, Prémio Nobel da Literatura em 2006, traça neste livro um retrato “magistral” de Istambul, a cidade onde habita.

O autor fala sobre as "primeiras impressões de melancolia que invadem os habitantes de Istambul e os unem nas memórias colectivas de um povo: o de viverem sobre as ruínas das glórias imperiais num país a tentar modernizar-se e permanentemente a receber influências do cruzamento entre este e oeste". 

 

‘Em Viagem Pela Europa de Leste’

Gabriel García Márquez faz uma crónica das suas viagens, nos anos 50, pelos países socialistas do Leste.

A aventura começa na Alemanha Oriental e segue pela Checoslováquia, Polónia, Hungria e União Soviética, locais por onde o autor “tentará desvendar a verdadeira face do comunismo idealizado por Lenine: um regime kafkiano que quase não é questionado por um povo assustado que parece resignar-se ao seu destino”.

 

‘As ilhas desconhecidas’

Raul Brandão visitou as ilhas da Madeira e dos Açores em 1924. A viagem rendeu um conjunto de anotações soltas sobre a beleza natural das ilhas e a forma de vida dos seus habitantes.

Essas anotações traduziram-se neste livro que se transformou um dos mais importantes e belos livros de viagem da literatura nacional.

 

 

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Uma ‘Última Ceia’ que não me saciou a fome

Book Stories, 17.08.20

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A ‘Última Ceia’ foi publicada em janeiro de 2019 pela Cultura Editora. É da autoria de Nuno Nepomuceno, tem 344 páginas e é classificado com o género policial e thriller.

 

Sinopse:

Uma nota enigmática é encontrada junto a lascas de tinta e tela, e à moldura vazia de um quadro famoso. O ladrão deixou um recado. Promete repetir a façanha dentro de um ano. De visita à igreja de Santa Maria delle Grazie em Milão, uma jovem mulher apaixona-se por um carismático milionário. Mas quando alguns meses depois é abordada por um antigo professor, Sofia é colocada inesperadamente perante um dilema. Deverá denunciar o homem com quem vai casar-se, ou permitir tornar-se cúmplice deste ladrão de arte irresistível?

 

Opinião:

Depois de ter lido ‘Pecados Santos’ (review aqui) as minhas expetativas para este livro estavam bastante altas.

Infelizmente, o livro não cumpriu o que as minhas expetativas almejavam, o que me deixou um pouco desiludida.

Em boa parte, creio que tal aconteceu por a narrativa estar relacionada com Arte e Pintura, o que não é um tema que me interesse muito, pese embora a história do livro gravitasse à volta de uma das mais famosas pinturas de Leonardo Da Vinci.

Ao contrário do que aconteceu com ‘Pecados Santos’ este tema não me prendeu, mas é uma questão de gosto pessoal e, por isso, continuei a ler, recusando-me a colocar o livro de parte.

 

 

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No entanto, a verdade é que o facto de existirem várias personagens também não ajudou. Às páginas tantas eu já não sabia quem era determinada personagem, o que é algo bastante aborrecido e desencorajador – mas não desisti!

A sensação que eu tinha – além de um déja vu, uma vez que li o 'Código Da Vinci' de Dan Brown –  é que algumas personagens caiam de paraquedas na narrativa, pois era-lhes dada uma importância que, para contar a história, não era necessária, o que apenas atrasava a ação e dispersava a atenção do leitor.

O romance entre Giancarlo e Sofia também me pareceu muito forçado, demasiado estranho e a forma como ela é rapidamente convencida pelo professor Catalão também é demasiado fácil.

Durante algum tempo a ação andou devagar, bastante devagar, e à medida que nos fomos aproximando das páginas finais entrámos numa montanha russa com revelações do passado,  homicídios e uma total mudança de personalidade.

O final do livro foi uma lufada de ar fresco, pois foi inesperado, embora já andasse desconfiada com aquele que seria o fim da história para Sofia.

Este livro não me encantou e ainda bem que não foi o primeiro que li do autor, porque acho que se tivesse sido não teria lido mais nada!

 

📖

☝️ Pontos PositivosA criatividade e capacidade do autor de criar uma narrativa com suspense e dar um final em certa medida inesperado. Capítulos curtos; descrições pormenorizadas das cidades onde decorrem as várias ações.

👇 Pontos Negativos: demasiadas personagens com uma relevância desnecessária; o professor Catalão é uma personagem secundária.

⭐ Avaliação: 3 estrelas

 

 

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'Salazar - A Queda de uma Cadeira que Não Existia'

Book Stories, 09.08.20

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Em ‘Salazar – A queda de uma cadeira que não existia’, José António Saraiva consegue traçar uma ampla biografia de António Oliveira Salazar.

Como já referi na review do livro ‘Todos os dias morrem deuses’, a época do Estado Novo é rica em pormenores que podiam, perfeitamente, ser alvo dos mais variados livros, mas, infelizmente, há ainda poucas obras a este respeito.

Neste livro, Salazar é biografado de forma enquadrada com a época e as necessidades políticas de então.

Num registo que foge assim às paixões maioritariamente presentes sempre que se escreve um livro de cunho iminentemente político, a imparcialidade de escrita que acompanha página a página é uma lufada de ar fresco nesta tipologia literária.

É uma obra que fala do Estado do Novo de dentro para fora e não o inverso, como acontece na maioria das vezes.

 

 

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É uma constituição histórica enleante, capaz de nos transportar aos locais retratados e até mesmo à presença dos envolvidos e do próprio Salazar.

O autor tenta perceber o contexto dos acontecimentos sem que a preocupação seja julgá-los, revestindo-se assim como um transmissor fiel de parte da história do Estado Novo.

E este é apenas o primeiro volume, creio que haverá ainda mais dois!

 

📖

☝️ Pontos Positivosclareza e objetividade da escrita, capacidade do autor de nos prender à narrativa

👇 Pontos Negativos: não há, o livro está realmente muito bom

⭐ Avaliação: 4 estrelas