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Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Book Stories 2.0

Porque todos os livros contam uma história

Sobre a 'Teoria Geral do Esquecimento'

Book Stories, 30.07.20

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Andava para ler este livro desde que me atraiu numa feira do livro no Jardim Botânico em Belém... aqueles sítios onde apaixonados por livros se perdem com enorme facilidade.

Não conhecia José Eduardo Agualusa, mas senti que qualquer coisa naquele enredo me seduzia. E não me enganei.

Li este livro em quatro dias e até podia ter lido em menos (se não tivesse que trabalhar).

Conta uma história incrível – aquando da independência de Angola – sobre uma portuguesa, Ludovica, que, querendo “fugir” do mundo de caos que se levanta fora do apartamento luxuoso que ocupa em Luanda, levanta um muro em volta da porta de entrada, impedido que entrem... impedido que ela saia.

Acompanhada apenas por um fiel companheiro, um cão a que chamou Fantasma, permanece nessa clausura durante 28 anos.

O autor sensibiliza-nos para o facto de a obra ser “ficção, apenas ficção”, apesar de ter acedido a diários de Ludo e a fotografias do apartamento repleto de desenhos a carvão nas paredes.

 

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Esta história envolve-nos de uma forma incrível pelos detalhes que apresenta, por nos fazer entrar no apartamento de Ludo, viver a fome como ela vive, atrair pombos e um macaco para seu alimento, ler as passagens que ela lê (também Ludo é apaixonada por livros).

Para além do desafio de vida de Ludo, o livro conta com capítulos de outras histórias paralelas, cruzando acontecimentos em outras personagens (a história de Pequeno Soba é fascinante), de desaparecimentos em Angola na mesma altura (realizando o que acontece com a irmã e com o cunhado de Ludo) e culminando com um encontro inesperado na vida de Ludo.

“Não se atormente mais. Os erros nos corrigem. Talvez seja necessário esquecer. Devíamos praticar o esquecimento” é uma frase do livro que nos mostra a lição: aprender com os erros.

 

📖

☝️ Pontos Positivosescrita atrativa e leve. A história e os cruzamentos de histórias estão incrivelmente bem contados

👇 Pontos Negativos: são 28 anos com alguns pormenores, mas com outros que escapam e nos deixam aquela curiosidade de perceber como é que ela conseguiu viver tantos anos daquela forma (nem sei se consigo considerar como ponto negativo)

⭐ Avaliação: 4 estrelas

 

 “Deus pesa as almas numa balança. Num dos pratos fica a alma, no outro as lágrimas dos que a choraram. Se ninguém a chorou, a alma desce para o Inferno. Se as lágrimas forem suficientes, e suficientemente sentidas, ascende para o Céu”

 

*review da autoria da minha querida Sofia*

'Pecados Santos': Perdoai-me Senhor pelo pecado da gula literária!

Book Stories, 20.07.20

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Confesso que nunca tinha ouvido falar no autor Nuno Nepomuceno. Andava a vaguear pelo Instagram quando me apercebi de que havia imensa gente a falar do autor e, melhor, a Cultura Editora estava com uma promoção em que dois livros ficavam pelo preço de um.

Mas há melhor maneira de começar a ler autores desconhecidos para nós?

Pois bem.

O ‘Pecados Santos’ chegou em conjunto com ‘A Morte do Papa’ e, logo depois, apercebi-me de que pelo meio havia ainda ‘A Última Ceia’. Não tardou muito a ter os três livros.

Comecei então pelo primeiro – que à época eu acreditava ser o ‘Pecados Santos’ (entretanto já percebi que é ‘A Célula Adormecida’).

Logo nas primeiras páginas Nuno Nepomuceno cativou-me e conseguiu prender-me à narrativa, o que me levou a ler o livro (448 páginas) em apenas duas tardes. Eu simplesmente não conseguia para de ler.

Mas vamos ao que interessa: a narrativa.

 

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O que me prendeu verdadeiramente foi o facto de o autor ter a capacidade de explicar, de uma forma resumida, mas clara, a questão judaica – a política, a geografia e a cultura.

Não é um tema que eu domine e, por isso, a explicação que o professor Catalão deu aos seus alunos foi deveras interessante e rica. Aliás, eu própria me senti uma aluna do (na minha cabeça) charmoso professor Afonso Catalão.

De louvar é também a capacidade de o autor conseguir estabelecer uma ligação entre as várias personagens que vão surgindo no livro. O facto de o professor Catalão colaborar com os serviços secretos portugueses leva-nos a imaginar um mundo pouco conhecido – o pormenor de o contacto do professor no serviços secretos vestir sempre uma gabardine cinzenta é só delicioso!!!

Mas deliciosa é mesmo a forma como este livro nos consegue transportar para o seu interior; imaginar com facilidade os locais onde a narrativa decorre; sentir as sensações que as personagens experienciam.

E o melhor é que o fim (não vou fazer qualquer spoiler) é surpreendente.

Bom, pelo menos para mim foi. Eu estava longe de imaginar quem seria o assassino!

Depois de ler este livro fiquei fã de Nuno Nepomuceno (as reviews de ‘A Última Ceia’ e ‘A Morte do Papa’ estão para breve).

Para completar a saga Afonso Catalão só me falta ‘A Célula Adormecida’ (que é só o primeiro livro, na verdade) 😊

 

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☝️ Pontos Positivosa forma como Nuno Nepomuceno nos consegue dar uma breve lição sobre a questão judaica e a capacidade do autor de criar várias personagens e conseguir interligá-las com a maior inteligência e subtileza.

👇 Pontos Negativos: não encontrei

⭐ Avaliação: 4,8 estrelas

 

 

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O carrossel das 'Noites Brancas'

Book Stories, 07.07.20

Afonso não suporta ver ninguém sofrer. Carrega c

 

Há muito tempo que queria ler Dostoievski e finalmente chegou o momento.

Comecei por ‘Noites Brancas’, pois disseram-me que era “levezinho” para começar a conhecer o escritor.

É uma história adorável, embora um pouco fantasiosa na rapidez como a trama se desenrola.

No entanto, fica claro que a intenção do autor era exatamente a de demonstrar como o tempo é sinónimo de muito pouca coisa.

No livro bastaram três noites para o homem se apaixonar, a mulher sofrer um desgosto amoroso, os dois delinearem um plano para futuro e ela regressar ao primeiro amor.

 

 

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Em três noites apenas. A interpretação que faço é que a mensagem que Dostoievski quis transmitir é a de que a felicidade não é um estado, não é constante. A felicidade são momentos e, por isso, tem de ser aproveitada ao máximo.

Em três noites, o protagonista do livro passou de uma solidão persistente para um estado de enamorado com o ápice a chegar com a felicidade de construir, por fim, um futuro a dois.

Essa felicidade durou breves minutos. Mas o protagonista não se arrepende, porque aquela foi uma felicidade real, verdadeira, que lhe encheu o coração. Terminou rapidamente, é um facto, mas o sentimento ficou.

 

 Um minuto inteiro de felicidade.

Não será isso o bastante para preencher toda a vida de um homem?

 

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☝️ Pontos Positivosa forma como Dostoievski escreve sobre as emoções do ser humano

👇 Pontos Negativos: os diálogos que são, na verdade, longos monólogos

⭐ Avaliação: 3,5 estrelas

 

 

 

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